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Movimento não respeita reintegração
DA AGÊNCIA FOLHA
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) descumpriu ontem ordem judicial de
reintegração de posse das fazendas Tupiconã e Sul Mineira, invadidas na segunda por 650 pessoas,
em Presidente Epitácio (SP), no
Pontal do Paranapanema.
As liminares de reintegração de
posse favoráveis aos fazendeiros
foram concedidas anteontem pelo juiz Fernando França Viana.
Na manhã de ontem, dois oficiais de Justiça notificaram as lideranças do MST, mas a determinação não foi acatada. O juiz pedirá apoio da Polícia Militar para
cumprir a ação.
O coordenador estadual do
MST Paulo Albuquerque afirmou
que o movimento vai pedir à Justiça cinco dias, no mínimo, para
sair do local. Segundo ele, a reintegração será cumprida, mas novas invasões acontecerão nesta semana na região.
O MST receberá até o final desta
semana outras duas ordens de
reintegração de posse. Uma é a da
fazenda Santa Terezinha, em Santo Anastácio, invadida na noite de
domingo. A notificação deve ser
entregue hoje aos líderes do
acampamento.
Outra ação de reintegração de
posse pode ser concedida pela
Justiça até o final da semana, na
fazenda Santa Fé, em Sandovalina, invadida anteontem.
Ontem, o MST não promoveu
nenhuma invasão no Pontal. Desde sábado, seis áreas foram tomadas na região, considerando que a
fazenda Tupiconã é dividida em
duas áreas de donos diferentes.
Segundo o Itesp (Fundação Instituto de Terras do Estado), todas
as áreas invadidas no Pontal
-com exceção da fazenda Santa
Fé, em Sandovalina- são devolutas.
Outras invasões foram anunciadas ontem por movimentos de
sem-terra. Em Minas Gerais, o
MST comunicou que tomou, na
última segunda-feira, em Bambuí, a fazenda de Tasso Assunção
Costa, o primeiro banqueiro do
país condenado pela Lei do Colarinho Branco.
"Fizemos a ocupação porque é
uma propriedade improdutiva e
que pertence a um empresário falido, que deve ao governo", disse
Wagner Martins, do MST. A fazenda já foi vistoriada pelo Incra
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e considerada improdutiva, disse o superintendente regional do órgão,
Marcos Helênio. Segundo ele, o
processo vai agora para Brasília
para que seja assinado o decreto
de desapropriação de 2.800 ha dos
5.000 ha.
Tasso Assunção Costa foi condenado no ano passado a nove
anos de prisão. Ele era dono do
Banco Hércules e do Consórcio
Mercantil e foi denunciado por
falsificar assinaturas de clientes
para obter empréstimos no Banco
Central. Hoje, amparado por liminar do STF (Supremo Tribunal
Federal), ele está em liberdade.
Os advogados do banqueiro
tentam anular o seu julgamento.
Alegam que a turma suplementar
criada no TRF (Tribunal Regional
Federal), em Brasília, não tinha
competência para julgá-lo. O STF
vai decidir a questão. Quanto às
denúncias, alegam que o banqueiro é "bode expiatório" de uma situação que atingiu todo o sistema
bancário na época.
Invasões e marchas
Em Goiás, a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) informou que
duas propriedades rurais foram
invadidas na madrugada de domingo: uma fazenda pertencente
ao Incra, em Formoso, e uma fazenda em Iaciara. O Incra, até ontem, não havia registrado oficialmente nenhuma das invasões.
No Pará, integrantes do MST interditaram, ontem, por duas horas, um trecho da rodovia Transamazônica (BR-230).
A manifestação ocorreu perto
de São Domingos do Araguaia, cidade que estava no trajeto de uma
marcha que o movimento promove desde segunda-feira. A caminhada partiu de Marabá rumo
a Eldorado do Carajás, local onde
19 sem-terra foram assassinados
em abril de 1996.
Hoje, no Estado, será dado início a outra marcha, que vai de
Santa Isabel do Pará a Belém. O
MST também programa marchas
na Bahia entre hoje e sexta-feira.
Outras seguiam, ontem, em Alagoas, Pernambuco, Piauí, Rio
Grande do Norte, Minas Gerais e
Rio Grande do Sul.
Sede do Incra
Ainda no Pará, cerca de 200 integrantes do MST e da CPT (Comissão Pastoral da Terra) invadiram ontem a sede do Incra em
Tucuruí. Os trabalhadores reclamam da demora em disponibilizar terras para a reforma agrária.
De acordo com o MST, a espera
das famílias supera seis anos.
A superintendente do Incra em
Tucuruí não foi localizada, mas,
até o fechamento desta edição, a
Polícia Militar não interveio na
questão. Representantes do instituto em Marabá não tomaram
uma posição sobre o assunto.
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