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CAMPO MINADO
Governador aponta insubordinação dos sem-terra e morosidade governamental na reforma agrária
Jarbas cobra de Lula solução para tensão; petista critica MST
TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA
O governador de Pernambuco,
Jarbas Vasconcelos (PMDB), enviou ontem carta ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva para cobrar providências do governo federal para solucionar o que ele
chamou de "quadro de tensão social gerado pelas constantes ocupações de terras no Estado".
Na carta ao presidente, Jarbas
diz que vê, "de um lado, a insubordinação à lei por parte do MST
e, do outro, a morosidade do órgão federal encarregado de tratar
da reforma agrária -o Incra-
no encaminhamento das questões de sua responsabilidade".
Pernambuco é o Estado em que
ocorreram mais invasões de terra
desde o início da "jornada de luta" do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra),
em 27 de março. Desde então, o
movimento já invadiu 28 áreas.
O governo estadual contabiliza
55 invasões, somando as ações
dos outros 12 movimentos sociais
que reivindicam a reforma agrária em Pernambuco.
Para embasar sua crítica, o governador cita declarações do
coordenador do MST em Pernambuco Alexandre Conceição,
que disse à imprensa local que a
intenção do movimento era "ocupar o Incra [Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária] e
fazer o mesmo com o palácio do
governo". Conceição confirmou
as declarações à Agência Folha e
acrescentou que "as invasões podem não se limitar ao palácio, se o
governo não colaborar".
O secretário estadual da Agricultura, Gabriel Maciel, disse que
uma força-tarefa de Brasília é necessária no Incra de Pernambuco
para agilizar o processo de assentamento no Estado.
Segundo o secretário, Pernambuco tem uma demanda por assentamentos reprimida muito
grande. De acordo com ele, 12 mil
famílias foram assentadas, mas 25
mil se encontram acampadas pelo
Estado e promovendo invasões.
"Nós conversamos diariamente
com o ministro Miguel Rossetto
[Desenvolvimento Agrário] para
buscar uma solução."
Viana
O governador do Acre, Jorge
Viana (PT), criticou ontem a onda de invasões do MST. Segundo
o petista, as ações podem até "retardar" a reforma agrária. Segundo o governador, o governo federal tem tratado o MST com "carinho", mas não há reciprocidade.
"A reforma agrária que está sendo
feita hoje é mais rápida do que a
realizada no passado. Mas, com
essa onda [de invasões] estamos
recolocando no cenário a UDR e
os latifundiários, que estavam de
fora, pelo menos durante o governo Lula. Acho que as ações não
vão trazer mais recursos nem acelerar a reforma agrária. Podem,
inclusive, retardar", disse.
Colaborou JAIRO MARQUES, da Agência Folha
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