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BC SOB PRESSÃO
Abertura de inquérito criminal só será analisada após julgamento de MP que deu foro privilegiado ao presidente do BC
Meirelles tem vitória parcial no Supremo
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O STF (Supremo Tribunal Federal) livrou ontem o presidente do
Banco Central, Henrique Meirel-
les, do risco de abertura imediata
do inquérito criminal contra ele.
Por nove votos contra dois, o tribunal condicionou essa medida
ao julgamento da medida provisória que deu foro privilegiado a
Meirelles.
Até o fechamento desta edição,
o STF não havia informado quando serão julgadas as duas ações
diretas de inconstitucionalidade
contra a MP que deu status de ministro ao presidente do BC, assegurando-lhe o foro privilegiado,
ou seja, a garantia de que apenas o
STF irá julgar eventuais ações
contra ele.
No último dia 5, logo após o STF
adiar o julgamento das ações sobre o foro, o procurador-geral da
República, Claudio Fonteles, pediu a abertura de inquérito criminal contra Meirelles para apurar
suspeita de remessa ilegal de dinheiro para o exterior, sonegação
fiscal e crime eleitoral.
Quórum
As ações de inconstitucionalidade contra a MP que concedeu status de ministro a Meirelles foram
movidas pelo PSDB e pelo PFL e
estavam na pauta do último dia
31, mas foram retiradas sob argumento de falta de quórum. A MP
já foi convertida em lei.
O ministro Carlos Velloso chegou a sugerir que as ações fossem
apreciadas ontem. O presidente
do STF, Nelson Jobim, disse que
estava previsto o exame de outros
processos naquela sessão. Velloso
propôs que entrassem na pauta
da próxima semana. "Será na semana que vem ou na subseqüente, depende da pauta. Temos uma
organização da pauta que não podemos atropelar", disse Jobim.
O relator do inquérito, ministro
Marco Aurélio de Mello, pretendia obter autorização dos colegas
para decidir imediatamente sobre
o início das investigações. Ele disse que, na hipótese de perda do
foro, o inquérito seria enviado à
primeira instância com o pleno
aproveitamento de diligências até
então feitas pela Polícia Federal. O
exame da questão durou cinco
minutos. Só Carlos Ayres Britto
concordou com Marco Aurélio.
A tendência do STF é reconhecer o direito do presidente do BC
ao foro privilegiado. Sobre a possibilidade de demora na decisão,
Marco Aurélio disse: "Tenho presente que o homem público é um
livro aberto, uma vitrine. Quando
surgem dúvidas [sobre sua conduta], ele é o principal interessado, como servidor público, no esclarecimento".
Investigação
No parecer em que solicitou a
quebra do sigilo fiscal de Meirelles, o procurador-geral pediu as
declarações de Imposto de Renda
a partir de 1996 e a cópia de processos existentes no próprio Banco Central e na Receita Federal
contra o presidente do BC e empresas que seriam controladas
por ele. A PF terá inicialmente 60
dias para fazer a apuração.
O governo viu na iniciativa de
Fonteles riscos de prejuízo à imagem do Brasil no exterior e de instabilidade no mercado financeiro.
A MP é de agosto de 2004, quando
surgiram as primeiras suspeitas
contra Meirelles.
Da semana passada para cá, a
oposição conseguiu aprovar dois
convites para que Meirelles esclareça no Congresso as suspeitas
que pesam contra ele -em uma
comissão da Câmara e outra do
Senado. Como se trata de convite,
e não de convocação, cabe ao presidente do BC decidir se e quando
falará aos parlamentares.
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