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São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2003

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ANÁLISE

Partido ofereceu mais resistências a FHC

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conquistou o apoio do PMDB em condições melhores do que o seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. E também a um preço político menor, por enquanto. O governo anterior deu dois ministérios ao partido e teve de negociar no varejo político (cargos e verbas) cada votação importante no Congresso.
Mesmo assim, FHC tinha 70% das bancadas da Câmara e do Senado. Lula já conta com cerca de 90%, graças ao ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, que distribui fartamente cargos de segundo e terceiro escalão, além de promessas de verbas oficiais. Um ministério também está acordado.
Hoje, no máximo 12 deputados federais dos 68 estão na oposição. No Senado, apenas Pedro Simon (RS), um dos 21 senadores, ainda resiste, mas Lula gosta dele e vai tentar trazê-lo para a base aliada.
O presidente do PMDB, Michel Temer (SP), expoente do grupo que apoiou FHC, já admite: "Vou trabalhar para unir o partido de acordo com o desejo da maioria". Ou seja, vai tentar convencer os 12 rebeldes a aderir. Apesar do sucesso na cooptação do PMDB, faturas políticas foram e serão apresentadas ao governo Lula pelo presidente do Senado, José Sarney (AP), e pelo líder do partido na Casa, Renan Calheiros (AL).
Dirceu acha que esse é o preço para garantir a aprovação das reformas previdenciária e tributária basicamente nos termos enviados ao Congresso. Dirceu avalia que, com os peemedebistas, as reformas são favas contadas.
Algumas faturas já foram pagas a Sarney e a Calheiros. A primeira foi ajudar Sarney a salvar o mandato do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), suspeito de ser o responsável pelo grampo ilegal na Bahia. O governo lavou as mãos. Nos bastidores, Dirceu deixou claro que não interessava cassar ACM e deixou o PT só marcar posição. A operação fez de Sarney credor do principal cacique pefelista. ACM controla três votos no Senado, incluindo o seu, e mais de 20 na Câmara. Mais: Sarney rachou em ondas o grupo que apoiava FHC e que controlava firmemente a máquina partidária.
Primeiro, seduziu Calheiros com a promessa de levar o senador alagoano a presidir o Senado em 2005. Agora, oferece a Temer a chance de se aliar ao Planalto, isolando ainda mais rebeldes, e se prepara inchar as bancadas do PMDB no Senado e na Câmara.
De olho no futuro, Calheiros participou da operação para salvar ACM, afastando-se dos antigos amigos, como o ex-líder do PMDB na Câmara Geddel Vieira Lima, um arquiinimigo de ACM. Calheiros levou ainda a Transpetro, dada a Sérgio Machado, um ex-senador de sua confiança.


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