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ANÁLISE
Partido ofereceu mais resistências a FHC
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva conquistou o apoio do
PMDB em condições melhores do
que o seu antecessor, Fernando
Henrique Cardoso. E também a
um preço político menor, por enquanto. O governo anterior deu
dois ministérios ao partido e teve
de negociar no varejo político
(cargos e verbas) cada votação
importante no Congresso.
Mesmo assim, FHC tinha 70%
das bancadas da Câmara e do Senado. Lula já conta com cerca de
90%, graças ao ministro-chefe da
Casa Civil, José Dirceu, que distribui fartamente cargos de segundo
e terceiro escalão, além de promessas de verbas oficiais. Um ministério também está acordado.
Hoje, no máximo 12 deputados
federais dos 68 estão na oposição.
No Senado, apenas Pedro Simon
(RS), um dos 21 senadores, ainda
resiste, mas Lula gosta dele e vai
tentar trazê-lo para a base aliada.
O presidente do PMDB, Michel
Temer (SP), expoente do grupo
que apoiou FHC, já admite: "Vou
trabalhar para unir o partido de
acordo com o desejo da maioria".
Ou seja, vai tentar convencer os 12
rebeldes a aderir. Apesar do sucesso na cooptação do PMDB, faturas políticas foram e serão apresentadas ao governo Lula pelo
presidente do Senado, José Sarney (AP), e pelo líder do partido
na Casa, Renan Calheiros (AL).
Dirceu acha que esse é o preço
para garantir a aprovação das reformas previdenciária e tributária
basicamente nos termos enviados
ao Congresso. Dirceu avalia que,
com os peemedebistas, as reformas são favas contadas.
Algumas faturas já foram pagas
a Sarney e a Calheiros. A primeira
foi ajudar Sarney a salvar o mandato do senador Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA), suspeito de
ser o responsável pelo grampo ilegal na Bahia. O governo lavou as
mãos. Nos bastidores, Dirceu deixou claro que não interessava cassar ACM e deixou o PT só marcar
posição. A operação fez de Sarney
credor do principal cacique pefelista. ACM controla três votos no
Senado, incluindo o seu, e mais de
20 na Câmara. Mais: Sarney rachou em ondas o grupo que
apoiava FHC e que controlava firmemente a máquina partidária.
Primeiro, seduziu Calheiros
com a promessa de levar o senador alagoano a presidir o Senado
em 2005. Agora, oferece a Temer a
chance de se aliar ao Planalto, isolando ainda mais rebeldes, e se
prepara inchar as bancadas do
PMDB no Senado e na Câmara.
De olho no futuro, Calheiros
participou da operação para salvar ACM, afastando-se dos antigos amigos, como o ex-líder do PMDB na Câmara Geddel Vieira
Lima, um arquiinimigo de ACM.
Calheiros levou ainda a Transpetro, dada a Sérgio Machado, um
ex-senador de sua confiança.
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