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São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2003

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OPOSIÇÃO

Para unir partido e evitar crise, ex-presidente quer os dois caciques tucanos, hoje adversários, à frente da legenda

FHC quer dividir PSDB entre Serra e Tasso

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é o principal articulador de um arranjo interno no PSDB que, se viabilizado, dividirá o poder no partido entre o senador Tasso Jereissati (CE) e o ex-senador José Serra (SP), candidato derrotado dos tucanos à Presidência no ano passado.
A estratégia consiste em colocar Tasso na presidência da legenda, em dezembro, e deixar Serra à frente do Instituto Teotônio Vilela, braço da estrutura partidária que passaria a ser, de fato, o principal formulador do ideário e dos programas tucanos.
A articulação foi deflagrada em uma reunião entre as principais lideranças do partido, na segunda-feira, em São Paulo.
Participaram do encontro, no Palácio dos Bandeirantes, os governadores Geraldo Alckmin (SP) e Aécio Neves (MG), o presidente nacional do partido, José Aníbal, o secretário da Casa Civil paulista, Arnaldo Madeira, e os líderes do partido na Câmara dos Deputados e no Senado, Jutahy Magalhães Júnior e Arthur Virgílio, respectivamente.
Antes da reunião com os tucanos, Fernando Henrique teve conversas com Serra, que está nos Estados Unidos e deve retomar as atividades partidárias em junho, quando ocorrerá o encontro nacional de prefeitos do PSDB.
O arranjo também conta com o apoio de Alckmin, historicamente ligado ao grupo de Serra e Fernando Henrique, e de Aécio, que tem atuado em proximidade com do senador cearense. Os dois governadores são nomes cotados para a sucessão de Lula.
A entrada em cena de Fernando Henrique Cardoso também é uma tentativa de estancar a debandada de parlamentares do PSDB para a base governista, neutralizando o assédio dos petistas sobre os tucanos.
O ex-presidente é tido atualmente como a única liderança unânime dentro do partido.
Ontem, o senador Romero Jucá (RR) anunciou sua transferência para o PMDB. Deputados tucanos ensaiam o mesmo movimento.

Racha
O PSDB está dividido desde a campanha presidencial do ano passado. As rusgas internas aprofundaram-se quando Tasso, preterido pelo partido, abandonou a candidatura Serra para apoiar Ciro Gomes (PPS).
Após a derrota do tucano para Lula, o primeiro sinal de trégua foi dado por Tasso, no começo deste ano, quando o cearense fez elogios públicos a José Serra.
Com o arranjo que está sendo costurado, as eleições internas do partido, que ocorreriam neste mês, passam para o final do ano. Até lá, o comando permanece nas mãos de Aníbal.
Durante a reunião, Fernando Henrique avaliou que o PT encampou o discurso historicamente defendido pelos tucanos -em prol das reformas, o que deixou o PSDB num papel frágil e vacilante de oposição.
"Nós precisamos jogar o PT de volta para a esquerda", disse o ex-presidente no encontro com os líderes tucanos.
Para os demais tucanos, o ex-presidente afirmou que a única forma de o partido ser uma alternativa de poder nas próximas eleições é manter a legenda unida em torno de um discurso afiado e coerente de oposição, o que implica defender as reformas da Previdência e tributária.
O ex-presidente disse ainda que os tucanos precisam endurecer as críticas ao governo na área social.


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