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OPOSIÇÃO
Para unir partido e evitar crise, ex-presidente quer os dois caciques tucanos, hoje adversários, à frente da legenda
FHC quer dividir PSDB entre Serra e Tasso
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é o principal articulador de um arranjo interno no PSDB que, se viabilizado, dividirá
o poder no partido entre o senador Tasso Jereissati (CE) e o ex-senador José Serra (SP), candidato derrotado dos tucanos à Presidência no ano passado.
A estratégia consiste em colocar
Tasso na presidência da legenda,
em dezembro, e deixar Serra à
frente do Instituto Teotônio Vilela, braço da estrutura partidária
que passaria a ser, de fato, o principal formulador do ideário e dos
programas tucanos.
A articulação foi deflagrada em
uma reunião entre as principais
lideranças do partido, na segunda-feira, em São Paulo.
Participaram do encontro, no
Palácio dos Bandeirantes, os governadores Geraldo Alckmin (SP)
e Aécio Neves (MG), o presidente
nacional do partido, José Aníbal,
o secretário da Casa Civil paulista,
Arnaldo Madeira, e os líderes do
partido na Câmara dos Deputados e no Senado, Jutahy Magalhães Júnior e Arthur Virgílio, respectivamente.
Antes da reunião com os tucanos, Fernando Henrique teve
conversas com Serra, que está nos
Estados Unidos e deve retomar as
atividades partidárias em junho,
quando ocorrerá o encontro nacional de prefeitos do PSDB.
O arranjo também conta com o
apoio de Alckmin, historicamente ligado ao grupo de Serra e Fernando Henrique, e de Aécio, que
tem atuado em proximidade com
do senador cearense. Os dois governadores são nomes cotados
para a sucessão de Lula.
A entrada em cena de Fernando
Henrique Cardoso também é
uma tentativa de estancar a debandada de parlamentares do
PSDB para a base governista, neutralizando o assédio dos petistas
sobre os tucanos.
O ex-presidente é tido atualmente como a única liderança
unânime dentro do partido.
Ontem, o senador Romero Jucá
(RR) anunciou sua transferência
para o PMDB. Deputados tucanos
ensaiam o mesmo movimento.
Racha
O PSDB está dividido desde a
campanha presidencial do ano
passado. As rusgas internas aprofundaram-se quando Tasso, preterido pelo partido, abandonou a
candidatura Serra para apoiar Ciro Gomes (PPS).
Após a derrota do tucano para
Lula, o primeiro sinal de trégua foi
dado por Tasso, no começo deste
ano, quando o cearense fez elogios públicos a José Serra.
Com o arranjo que está sendo
costurado, as eleições internas do
partido, que ocorreriam neste
mês, passam para o final do ano.
Até lá, o comando permanece nas
mãos de Aníbal.
Durante a reunião, Fernando
Henrique avaliou que o PT encampou o discurso historicamente defendido pelos tucanos -em
prol das reformas, o que deixou o
PSDB num papel frágil e vacilante
de oposição.
"Nós precisamos jogar o PT de
volta para a esquerda", disse o ex-presidente no encontro com os líderes tucanos.
Para os demais tucanos, o ex-presidente afirmou que a única
forma de o partido ser uma alternativa de poder nas próximas
eleições é manter a legenda unida
em torno de um discurso afiado e
coerente de oposição, o que implica defender as reformas da Previdência e tributária.
O ex-presidente disse ainda que
os tucanos precisam endurecer as
críticas ao governo na área social.
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