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Intelectuais condenam processo contra petistas
DA REPORTAGEM LOCAL
Intelectuais simpatizantes ou ligados ao PT condenam a instauração do processo disciplinar que pode levar à expulsão dos deputados petistas Luciana Genro (RS) e João Batista Oliveira de Araújo, o
Babá (PA), e da senadora Heloísa
Helena (AL), acusados pela direção da legenda de "atrapalhar a
governabilidade".
"O partido não tem razão. O
partido não é uma religião e portanto não comporta anátemas
nem excomunhões", diz Francisco de Oliveira, professor titular
aposentado de sociologia da USP,
que participou da elaboração do
programa de governo apresentado na campanha de Luiz Inácio
Lula da Silva à Presidência.
Segundo o sociólogo, os parlamentares não feriram princípios
do partido. "Se estivesse no programa do partido que ia-se proceder à cobrança de contribuição dos inativos, os deputados estariam desobedecendo ao programa do partido, mas isso não consta em lugar nenhum. Isso é um
programa de governo."
"No passado, as experiências de
esquerda que confundiram partido e governo foram desastrosas",
afirmou.
Para o professor de filosofia da
USP Renato Janine Ribeiro, os
"radicais" manifestam idéias tradicionais do PT. "O que eles expressam é o descontentamento de
muita gente com a rapidez com
que o PT mudou de prioridade,
uma vez no governo", afirma.
"Acho incompreensível que
pessoas sejam submetidas a esse
processo por defenderem idéias
que até bem pouco tempo atrás
eram as do Lula", disse ele.
No próximo dia 25, o sociólogo
Emir Sader, professor da Uerj
(Universidade do Estado do Rio
de Janeiro) e da USP, "testemunhará" ante a Comissão de Ética
do PT a favor dos parlamentares.
"O PT sempre se caracterizou
pelo socialismo democrático, pelo
pluralismo. Criticou a idéia stalinista de esvaziar o debate -o stalinismo era isso, nem discutir o
argumento, mas dizer que ele estava a serviço do inimigo, e portanto você era punido disciplinarmente. Que é mais ou menos o
que eles querem fazer", afirmou.
Sader disse que defenderá apenas o direito "de terem posições
diferentes, além do mais sendo
posições históricas do PT".
(RAFAEL CARIELLO)
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