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São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2003

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Intelectuais condenam processo contra petistas

DA REPORTAGEM LOCAL

Intelectuais simpatizantes ou ligados ao PT condenam a instauração do processo disciplinar que pode levar à expulsão dos deputados petistas Luciana Genro (RS) e João Batista Oliveira de Araújo, o Babá (PA), e da senadora Heloísa Helena (AL), acusados pela direção da legenda de "atrapalhar a governabilidade".
"O partido não tem razão. O partido não é uma religião e portanto não comporta anátemas nem excomunhões", diz Francisco de Oliveira, professor titular aposentado de sociologia da USP, que participou da elaboração do programa de governo apresentado na campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência.
Segundo o sociólogo, os parlamentares não feriram princípios do partido. "Se estivesse no programa do partido que ia-se proceder à cobrança de contribuição dos inativos, os deputados estariam desobedecendo ao programa do partido, mas isso não consta em lugar nenhum. Isso é um programa de governo."
"No passado, as experiências de esquerda que confundiram partido e governo foram desastrosas", afirmou.
Para o professor de filosofia da USP Renato Janine Ribeiro, os "radicais" manifestam idéias tradicionais do PT. "O que eles expressam é o descontentamento de muita gente com a rapidez com que o PT mudou de prioridade, uma vez no governo", afirma.
"Acho incompreensível que pessoas sejam submetidas a esse processo por defenderem idéias que até bem pouco tempo atrás eram as do Lula", disse ele.
No próximo dia 25, o sociólogo Emir Sader, professor da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e da USP, "testemunhará" ante a Comissão de Ética do PT a favor dos parlamentares.
"O PT sempre se caracterizou pelo socialismo democrático, pelo pluralismo. Criticou a idéia stalinista de esvaziar o debate -o stalinismo era isso, nem discutir o argumento, mas dizer que ele estava a serviço do inimigo, e portanto você era punido disciplinarmente. Que é mais ou menos o que eles querem fazer", afirmou.
Sader disse que defenderá apenas o direito "de terem posições diferentes, além do mais sendo posições históricas do PT".
(RAFAEL CARIELLO)


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