São Paulo, sábado, 15 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2004

Um dia após Serra lançar sua pré-candidatura, prefeita e Genoino contra-atacam, mas sem citar o nome do tucano

Marta chama adversários de "vampiros"

RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dia após o tucano José Serra oficializar a candidatura à Prefeitura de São Paulo, a prefeita Marta Suplicy (PT) chamou os adversários de sua tentativa de reeleição de "vampiros do passado".
Numa referência indireta a Serra, derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pela Presidência, Marta previu que a campanha eleitoral paulistana será dura e marcada pelo revanchismo.
"Temos de afastar de nossas fileiras os urubus do derrotismo, condição "sine qua non" para enfrentar e vencer os vampiros do passado, que pretendem com a revanche inculcar a idéia de que a ousadia de ter eleito um operário metalúrgico presidente do Brasil não poderá ir além, mudando para valer o destino de nosso país", discursou a prefeita ontem, num encontro nacional do PT em São Paulo com o propósito de discutir estratégias para as eleições.
Apesar de dizer que a candidatura Serra não muda as estratégias petistas, o presidente do partido, José Genoino, também partiu para o ataque. Mas, como fez Marta, sem citar o nome de Serra.
"Os adversários do PT querem provocar, querem uma briga sectária. O ministro do Fernando Henrique Cardoso [José Serra foi ministro da Saúde de FHC] está mais preocupado com a Marta e com o Lula do que o PT está preocupado com o ministro do FHC."
E ainda ironizou: "Ele está saindo um pouco do estilo dele. Ele, que é uma pessoa sóbria e tranqüila, anda muito raivoso".
Genoino se referia ao discurso crítico citando Lula e Marta que Serra fez anteontem, no lançamento de sua pré-candidatura.
Os petistas têm particular preocupação com a eleição na capital paulista, administrada pelo PT, pois crêem que será uma espécie de plebiscito do governo Lula.
Marta falou a cerca de 1.500 petistas como se já estivesse em campanha. Disse que seus adversários "recusam o debate sério e preferem a demagogia ou o populismo". "Isso vem acompanhado muitas vezes de machismo, ataques e ofensas pessoais. Vamos ver [na campanha] o conceito de ética na política posto em prática por aqueles que hoje se erguem como príncipes da virtude."
Ela citou suas realizações em "apenas três anos e meio" na prefeitura e fez até promessas, como a criação de farmácias populares. Apesar do discurso de campanha, afirmou: "De minha parte, continuarei a recusar a transformação de nossa ação de governo em trampolim eleitoral".

Estratégia
Na conferência, que termina hoje, ficou claro que uma das maiores preocupações do PT é municiar seus militantes e candidatos a prefeito e a vereador com argumentos para responder aos ataques que vêm sendo feitos -até por aliados- ao governo Lula.
José Genoino repetiu ontem várias vezes que o objetivo do encontro é unificar o discurso petista em todo o país. Para ajudar, chamou ministros como José Dirceu (Casa Civil) e Antonio Palocci (Fazenda) para dar palestras.
Dirceu recomendou que os candidatos priorizassem as questões municipais -em vez de "federalizar" as campanhas locais-, mas que não deixassem de responder às críticas ao governo Lula. Palocci defendeu a política econômica.
O deputado federal Ivan Valente (PT-SP) criticou o tom "oficialista" da conferência: "Parece que não há divergências internas".
O PT informou ontem que Lula não participará diretamente das campanhas municipais.



Texto Anterior: Questão indígena: Funai vai recorrer de sentença sobre reserva
Próximo Texto: Pré-candidatos do PT terão ajuda do partido para defender governo Lula
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.