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ELEIÇÕES 2004
Um dia após Serra lançar sua pré-candidatura, prefeita e Genoino contra-atacam, mas sem citar o nome do tucano
Marta chama adversários de "vampiros"
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dia após o tucano José Serra
oficializar a candidatura à Prefeitura de São Paulo, a prefeita Marta Suplicy (PT) chamou os adversários de sua tentativa de reeleição
de "vampiros do passado".
Numa referência indireta a Serra, derrotado por Luiz Inácio Lula
da Silva na disputa pela Presidência, Marta previu que a campanha
eleitoral paulistana será dura e
marcada pelo revanchismo.
"Temos de afastar de nossas fileiras os urubus do derrotismo,
condição "sine qua non" para enfrentar e vencer os vampiros do
passado, que pretendem com a
revanche inculcar a idéia de que a
ousadia de ter eleito um operário
metalúrgico presidente do Brasil
não poderá ir além, mudando para valer o destino de nosso país",
discursou a prefeita ontem, num
encontro nacional do PT em São
Paulo com o propósito de discutir
estratégias para as eleições.
Apesar de dizer que a candidatura Serra não muda as estratégias
petistas, o presidente do partido,
José Genoino, também partiu para o ataque. Mas, como fez Marta,
sem citar o nome de Serra.
"Os adversários do PT querem
provocar, querem uma briga sectária. O ministro do Fernando
Henrique Cardoso [José Serra foi
ministro da Saúde de FHC] está
mais preocupado com a Marta e
com o Lula do que o PT está preocupado com o ministro do FHC."
E ainda ironizou: "Ele está saindo um pouco do estilo dele. Ele,
que é uma pessoa sóbria e tranqüila, anda muito raivoso".
Genoino se referia ao discurso
crítico citando Lula e Marta que
Serra fez anteontem, no lançamento de sua pré-candidatura.
Os petistas têm particular preocupação com a eleição na capital
paulista, administrada pelo PT,
pois crêem que será uma espécie
de plebiscito do governo Lula.
Marta falou a cerca de 1.500 petistas como se já estivesse em
campanha. Disse que seus adversários "recusam o debate sério e
preferem a demagogia ou o populismo". "Isso vem acompanhado
muitas vezes de machismo, ataques e ofensas pessoais. Vamos
ver [na campanha] o conceito de
ética na política posto em prática
por aqueles que hoje se erguem
como príncipes da virtude."
Ela citou suas realizações em
"apenas três anos e meio" na prefeitura e fez até promessas, como
a criação de farmácias populares.
Apesar do discurso de campanha,
afirmou: "De minha parte, continuarei a recusar a transformação
de nossa ação de governo em
trampolim eleitoral".
Estratégia
Na conferência, que termina hoje, ficou claro que uma das maiores preocupações do PT é municiar seus militantes e candidatos a
prefeito e a vereador com argumentos para responder aos ataques que vêm sendo feitos -até
por aliados- ao governo Lula.
José Genoino repetiu ontem várias vezes que o objetivo do encontro é unificar o discurso petista em todo o país. Para ajudar,
chamou ministros como José Dirceu (Casa Civil) e Antonio Palocci
(Fazenda) para dar palestras.
Dirceu recomendou que os candidatos priorizassem as questões
municipais -em vez de "federalizar" as campanhas locais-, mas
que não deixassem de responder
às críticas ao governo Lula. Palocci defendeu a política econômica.
O deputado federal Ivan Valente (PT-SP) criticou o tom "oficialista" da conferência: "Parece que
não há divergências internas".
O PT informou ontem que Lula
não participará diretamente das
campanhas municipais.
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