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INVESTIGAÇÃO
É o 1º indiciamento baseado em denúncias da ex-mulher; ex-prefeito teria movimentado mais de US$ 2 mi no exterior
PF indicia Pitta sob acusação de desvio de verba
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Pela primeira vez desde que foi
alvo de denúncias de sua ex-mulher, Nicéa Camargo, no ano
2000, o ex-prefeito de São Paulo
Celso Pitta (1997-2000) foi indiciado ontem pela Polícia Federal
de São Paulo por supostos crimes
de peculato (apropriação de dinheiro ou bem por funcionário
público), formação de quadrilha,
lavagem de dinheiro, crime contra o sistema financeiro e operação de câmbio não-autorizada.
Pitta foi indiciado pelo delegado
federal Protógenes Queiroz, que
atua no combate à lavagem de dinheiro, ao final de um depoimento de nove horas de duração, na
sede da PF em São Paulo. Na saída, Pitta não quis responder aos
jornalistas se foi ou não beneficiário de contas bancárias no exterior, remetendo a tarefa ao seu advogado, Celso Vilardi. Ele, contudo, também nada falou sobre as
contas (veja texto nesta página).
"Foi um depoimento longo, que
abrangeu vários aspectos do processo que está sendo investigado e
que compreendeu inclusive questões relativas até a épocas anteriores à minha gestão de secretário
municipal de Finanças e de prefeito de São Paulo", disse Pitta, numa rápida declaração.
O indiciamento não significa a
comprovação das acusações, mas
apenas a confirmação oficial de
que, para a polícia, há elementos
suficientes para o Ministério Público pedir futuramente, à Justiça
Federal, a prisão e a condenação
do ex-prefeito.
Os crimes dos quais Pitta é acusado prevêem uma pena máxima
de 12 anos de reclusão e uma mínima de um ano.
Pitta é investigado pela Polícia
Federal a respeito da movimentação de contas bancárias localizadas na Suíça, nos Estados Unidos
e em outros dois paraísos fiscais
da Europa (Guernsey e Principado de Liechtenstein) a partir de
informações prestadas por Nicéa
à polícia, ao Ministério Público
estadual e à CPI do Banestado.
Por três contas na Europa, o ex-prefeito movimentou, segundo os
investigadores, cerca US$ 930 mil
até 1999. Em outra conta em Nova
York, Pitta teria movimentado
US$ 1,5 milhão.
Tais recursos, de acordo com o
Ministério Público, teriam vinculação com supostos desvios ocorridos durante a construção da
avenida Água Espraiada, em São
Paulo. Na época da obra, Pitta era
secretário de Finanças do prefeito
Paulo Maluf (PP), hoje pré-candidato à prefeitura paulista.
Segundo o advogado do ex-prefeito, das cinco acusações feitas
pela polícia, quatro se referem ao
vínculo com essa obra, o que é negado pelo defensor.
De acordo com o procurador da
República Pedro Barbosa, que
atua no caso e acompanhou o depoimento de Pitta, o indiciamento da polícia revela que "as provas
[do inquérito] são fortes".
Segundo o delegado Wagner
Castilho, chefe da comunicação
social da PF paulista, durante o
depoimento, "ele [o ex-prefeito]
respondeu à totalidade das perguntas e, no sentido da colaboração com a autoridade policial,
sim, ele colaborou".
"Após o relatório final e a conclusão das investigações, [o inquérito] será encaminhado ao
Ministério Público, que provavelmente oferecerá denúncia à Justiça Federal", disse Castilho. Não há
prazo previsto para a denúncia.
A PF não revelou quem são as
outras pessoas que formariam,
segundo seu entendimento, a suposta "quadrilha" à qual o ex-prefeito foi acusado de pertencer.
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