São Paulo, sábado, 15 de maio de 2004

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CONGRESSO

Senador cancela viagem para barrar aprovação da reeleição na Câmara

Renan articula para derrubar emenda

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Preocupado em conseguir votos para derrubar a proposta de emenda constitucional que permite a reeleição dos presidentes das duas Casas do Congresso, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), intensificou os trabalhos para convencer os deputados a votar contra e até cancelou uma viagem à Europa.
O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), pretende colocar a proposta de emenda constitucional em votação na próxima terça ou quarta-feira.
O objetivo é evitar que João Paulo consiga garantir os 308 votos a favor da reeleição, o que significa um quinto dos deputados.
""A reeleição perdeu força na Câmara. O governo demonstrou isenção por meio do porta-voz, de Aldo Rebelo e do próprio presidente", disse Renan, que pleiteia a vaga do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Para ele, o principal argumento para o que considera ""casuísmo" era o apoio do governo. ""A reeleição já foi muito mais fácil e começa a parecer impossível."
O líder reafirmou que não desistirá da luta pelo cargo e que, mesmo diante de uma eventual vitória da emenda da reeleição, disputará na bancada o direito de ser indicado (o nome do PMDB tem de ser eleito no plenário).
João Paulo pretendia colocar a emenda em votação após a aprovação da "PEC paralela" da Previdência, que o governo tem boicotado. Nesse caso, pensa em passar na frente o projeto da reeleição.
Aliados de Renan estão convencidos de que Sarney não desistiu da disputa, apesar das declarações contrárias. Para eles, trata-se de um ""recuo tático" para facilitar a articulação de João Paulo .
Prova desse raciocínio seria o trabalho de deputados ""sarneyzistas" para garantir os 308 votos a favor da emenda. Nas contas dos favoráveis, eles têm 335 votos.
Peemedebistas afirmam que, em troca do apoio de setores do PFL, do PP e do PTB, João Paulo teria prometido paralisar a tramitação da reforma política. Ao líder pefelista, José Carlos Aleluia (BA), teria prometido pôr em votação dois destaques à medida provisória do salário mínimo em R$ 260.
Em busca de adesão no PMDB, teria se comprometido com o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) a dar prioridade à votação sobre a tabela do Imposto de Renda. Votar os destaques do mínimo foi decidido em reunião do colégio de líderes e a urgência para a votação da tabela do IR foi aprovada pelo plenário.


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