São Paulo, sábado, 15 de junho de 2002

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Em Nova York, Mantega ressalta as afinidades entre petista e FHC

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Caso seja eleito presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não pretende mudar o atual sistema de metas de inflação. A informação foi dada anteontem a banqueiros pelo assessor econômico do candidato petista em um encontro promovido pelo banco de investimentos JP Morgan.
Mantega esteve por dois dias em Nova York como parte do plano do PT de acalmar Wall Street com a perspectiva da vitória do candidato do PT à Presidência, preocupação que vem se refletindo nas últimas avaliações dos papéis brasileiros, do risco-país e na recomendação de investimentos.
A uma platéia de analistas e investidores, à qual a imprensa não teve acesso, Mantega disse que Lula seria conservador em suas primeiras medidas econômicas, para assim poder conquistar a confiança do mercado. A seguir, ele ressaltou uma série de semelhanças entre as intenções do petista e a atual política econômica da equipe do governo FHC.
Entre os pontos em comum levantados pelo assessor econômico estão o desejo de elevação do superávit da balança comercial e a manutenção do sistema de câmbio flutuante pelo Banco Central. Guido Mantega descreveu ainda a atual meta de superávit primário como "adequada".
Ele não foi contundente sobre a independência do Banco Central, mas afirmou que há grande discussão interna no PT sobre o assunto. Sua opinião é que seja mantida a capacidade de trocar o presidente do BC num eventual conflito com o ministro da Fazenda, para evitar o que ocorreu recentemente na Argentina.
Ressaltou, também, que sob o petista uma meta de inflação entre 5% e 5,5% seria considerada mais realista (a estabelecida atualmente pela equipe econômica de FHC para 2003 é de 3,5%).

Críticas
Mas nem tudo foi exaltação às semelhanças. Mantega defendeu, por exemplo, a redução da dívida externa e a implementação de reformas tributárias e da previdência social. Respondendo a uma pergunta da platéia, disse achar "difícil" a manutenção do atual presidente do Banco Central, Armínio Fraga, no governo petista.
Segundo o assessor, grande parte da culpa da atual crise por que passa a economia brasileira vem da decisão do BC de não baixar as taxas de juros nas últimas duas reuniões do Copom. Para ele, com uma meta de inflação mais realista, teria havido espaço para um corte da taxa Selic.



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