São Paulo, sábado, 15 de junho de 2002

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Ministro volta a criticar propostas "populistas" da oposição

Malan devolve ironia e rejeita ajuda de Lula contra a crise

RICARDO REGO MONTEIRO
DA SUCURSAL DO RIO

O governo Fernando Henrique Cardoso não precisa de ajuda da oposição para minimizar a turbulência financeira vivida pelo país nas últimas semanas, disse ontem no Rio o ministro da Fazenda, Pedro Malan. Na quinta-feira, em tom irônico, o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, havia oferecido ajuda ao governo para tentar conter a turbulência do mercado financeiro.
Sem citar o nome do petista, o ministro afirmou, em discurso durante almoço com empresários, que o governo pretende exercer suas funções até o último dia do mandato de Fernando Henrique Cardoso.
"Este governo não se exime de suas responsabilidades e não fugirá, como nunca fugiu, à responsabilidade de exercer o governo até o final. Não precisamos de nenhum recado, de quem quer que seja, sobre as nossas responsabilidades a esse respeito", afirmou.
O ministro voltou a criticar o que classificou de "propostas populistas, messiânicas e salvacionistas" dos candidatos de oposição. Ele reafirmou que a estabilidade não está garantida e que sua preservação depende de uma administração equilibrada das políticas monetária (juros), cambial (dólar) e fiscal (gastos públicos).
Sobre a política monetária, Malan defendeu mais uma vez a manutenção do atual sistema de metas de inflação, fortemente criticado pelos candidatos de oposição, que defendem sua flexibilização ou extinção.
Com relação aos juros, o ministro afirmou que a retomada do crescimento, de forma sustentada e duradoura, depende do aumento da produtividade do setor privado. Só assim, disse o ministro, o país poderá crescer sem comprometer a estabilidade.

Hiperinflação
Malan afirmou que a estabilidade não representa uma conquista irreversível do país. Ele disse que, dependendo das medidas adotadas pelo próximo governo, o país poderá novamente viver dias de hiperinflação.
A estabilidade, de acordo com Malan, depende, entre outras coisas, da manutenção de superávits primários de 3,75% pelo próximo governo.
O ministro defendeu a política social do governo, citando um estudo que disse estar em fase de conclusão pelo Bird (Banco Mundial). Segundo ele, o documento aponta melhorias em indicadores da área social, como analfabetismo e mortalidade infantil.
Malan afirmou que, apesar da alta média nacional de analfabetismo (cerca de 13% da população), o indicador torna-se mais favorável ao governo se analisadas as taxas das regiões Sudeste e Sul do país.
Segundo o ministro, elas alcançam isoladamente médias equivalentes aos índices de alguns países desenvolvidos.



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