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GOVERNO
Presidente editou 95 medidas provisórias em um ano e meio, ultrapassando seus antecessores; PT sempre criticou ato
Ministro admite que Lula exagerou nas MPs
WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, admitiu ontem que o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva exagerou na edição
de medidas provisórias. Desde a
posse, o presidente editou 95.
Em comparação com igual período (um ano e meio de governo), Lula superou seus antecessores. No primeiro ano, foi superado por Fernando Collor, mas já o
ultrapassou também levando em
conta os seis meses do segundo
ano. O PT sempre foi um dos
principais críticos do excesso de
MPs em governos anteriores.
Nos 24 meses iniciais do seu primeiro mandato, Fernando Henrique Cardoso editou 71 MPs. Das
95 editadas por Lula em 18 meses
de governo, 77 se converteram em
lei, 16 estão em tramitação, uma
foi revogada, e uma rejeitada.
"O elevado número de medidas
provisórias dificulta a atividade
normal e ordinária do Senado e
da Câmara. O governo comprometeu-se diante dessa situação a
fazer um esforço de diminuir a
edição de MPs", afirmou Aldo.
Para ele, o problema é que, "às
vezes, os ministros têm coisas que
julgam urgentes para resolver e
sempre imaginam que a MP é um
atalho para resolver essas questões". Segundo Aldo, "o governo
reconhece que, em determinados
momentos, editou um número de
MPs a mais do que seria prudente
para o bom andamento dos trabalhos da Câmara e do Senado".
Se não for aprovada em 45 dias,
a medida provisória tranca a pauta da Câmara. Após aprovada, já
chega ao Senado trancando a
pauta, pois o prazo de 45 dias se
refere à tramitação nas duas Casas. Em 11 de setembro de 2001, a
emenda constitucional nš 32 alterou as normas para edição de
MPs e proibiu, por exemplo, a
reedição de uma mesma MP.
Recentemente, os presidentes
da Câmara e do Senado, João Paulo Cunha (PT-SP) e José Sarney
(PMDB-AP), embora sejam aliados do governo, falaram da excessiva edição de MPs. "Os dirigentes
do Congresso têm razão ao fazer
esse registro", declarou Aldo.
Veto à LDO
O ministro disse ainda não ter a
garantia de que Lula não vai vetar
o artigo da LDO (Lei de Diretrizes
Orçamentárias) que impede o remanejamento de recursos de
emendas parlamentares para outros fins sem a autorização da Comissão de Orçamento. Esse foi o
termo do acordo entre o governo
e o PSDB, avalizado por Aldo, para aprovar a matéria anteontem.
"Não estou dizendo que vai vetar. Estou dizendo que é preciso
dar a César o que é de César e a
Deus o que é de Deus. O veto é
uma prerrogativa exclusiva do
presidente", afirmou o ministro.
Questionado se, teoricamente, ao
fazer o acordo, ele não deveria ter
consultado Lula, Aldo respondeu:
"Tem razão, teoricamente".
O PSDB ameaçou obstruir a votação caso não fosse assegurado
que esse artigo seria sancionado.
A LDO estabelece as diretrizes para o Orçamento do próximo ano.
O líder do governo no Congresso, senador Fernando Bezerra
(PTB-RN), defensor do artigo por
uma questão de mérito, foi ao Planalto falar com Aldo e levou à
oposição a palavra do ministro de
que Lula não vetaria esse ponto.
"Ele disse a mim que não teria
problema. O próprio ministro do
Planejamento [Guido Mantega]
concordou. Então, foi feito o acordo com o PSDB e o PFL", declarou ontem Bezerra.
Colaborou FERNANDA KRAKOVICS, da
Sucursal de Brasília
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