São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/QUEIMA DE ARQUIVO

Documentos iam ser queimados por irmão de contador da empresa, que já havia tocado fogo em dois tambores com papéis

Polícia apreende 2.000 notas fiscais da DNA

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A Polícia Civil de Minas apreendeu ontem 12 caixas com mais de 2.000 notas fiscais da DNA Propaganda, da qual o publicitário Marcos Valério de Souza é sócio, na casa do irmão de seu contador, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte.
Segundo o promotor Leonardo Barbabela, as notas de prestação de serviços -muitas emitidas em nome de bancos no período de 1998 a 2004- teriam o mesmo destino dos documentos encontrados em dois tambores na casa do ex-policial Marco Túlio Prata: seriam queimadas.
Ele é irmão do contador Marco Aurélio Prata, cujo escritório foi alvo de uma ação de busca e apreensão no dia 23 de junho pela Polícia Federal, na qual eram procurados documentos das empresas do publicitário.
O Ministério Público Estadual suspeitou que documentos das empresas de Marcos Valério estivessem sendo destruídos e obteve uma decisão judicial para a instalação de uma escuta telefônica na casa do ex-policial. Foram gravadas conversas entre os irmãos Prata. Segundo Barbabela, "durante a quebra [do sigilo telefônico] detectou-se que essa documentação estava sendo extraviada para impedir o acesso dos órgãos públicos que estão fazendo as investigações".
A Folha apurou que entre os milhares de notas fiscais apreendidas estão documentos emitidos pela DNA para o Banco do Brasil e a Eletrobrás. "São milhares de notas destinando serviços para diversos órgãos públicos e privados. E nessas notas constam valores e a suposta prestação de serviço efetuada por uma terceira empresa. Ou seja, a DNA ganhava o serviço, o repassava para uma terceira empresa e o órgão público pagava com um outro preço para a DNA", disse o promotor.
Dois mandados, um de busca e apreensão e outro da prisão preventiva do ex-policial, foram expedidos pela juíza Electra Benevides. Os mandados foram cumpridos ontem às 6h15. O ex-policial e seu filho, Venício Prata, resistiram à prisão com o uso de armas.
Além dos documentos da DNA, na casa do ex-policial foram encontradas 17 armas, algumas de uso exclusivo da polícia, além de granadas e silenciadores.

Notas frias
O deputado federal Eduardo Paes (PSDB-RJ) declarou ontem, em Belo Horizonte, que há fortes indícios de que as notas da DNA apreendidas são frias.
A maior suspeita, segundo o deputado, é o fato de as notas -relativas à veiculação de mídia- estarem em quatro vias intactas, o que sugere que não foram entregues aos prestadores de serviço.
Ainda de acordo com o parlamentar, há notas referentes a prestação de serviços para Eletronorte, Banco do Brasil, Ministério do Trabalho e Ministério do Esporte. Uma das notas registrava valor de R$ 1,1 milhão. Outras duas apontavam valores de R$ 540 mil e R$ 800 mil.


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