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MALA SUSPEITA
Irmão de Genoino diz não ter relação com o dinheiro
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Após apresentar uma possível
explicação sobre o destino do dinheiro encontrado com seu ex-assessor José Adalberto Vieira da
Silva, preso quando tentava embarcar para Fortaleza com R$ 200
mil numa mala e US$ 100 mil sob
a cueca, o deputado estadual José
Nobre Guimarães (PT-CE) afirmou ontem que fez o que a Polícia
Federal deveria fazer: "investigar". A explicação é que o dinheiro seria usado por Adalberto e por
outro assessor de seu gabinete, José Vicente Ferreira, para abrir
uma firma de locação de veículos.
Folha - O sr. sabia da ida de José
Adalberto a São Paulo? Encontrou-se com ele na cidade?
José Guimarães - Reafirmo que
não tinha conhecimento e muito
menos que eu tenha estado com
ele lá. Essa insinuação é descabida
e estou absolutamente tranqüilo.
Folha - Essa versão de que o dinheiro encontrado com Adalberto
seria para a abertura de uma locadora de veículos explica tudo?
Guimarães - É bom deixar claro
que quem falou isso foi o meu outro assessor [José Vicente Ferreira]. Eu disse o que fiz, que foi investigar o meu próprio assessor,
coisa que a PF deveria ter feito,
para identificar o destino do dinheiro. Fiz isso porque queria explicar a verdade. Portanto, consegui mostrar que o Vicente esteve
comprando um carro, que esteve
na JM Veículos para fazer essa
compra, e penso que esses são indícios do destino do dinheiro.
Folha - E o seu pensamento de
que tudo seria uma armação?
Guimarães - É só pensar: por que
tudo isso aconteceu em São Paulo? Por que na hora da reunião do
PT? Por que carregar dinheiro em
uma mala, hoje o símbolo de toda
a história do "mensalão"? Por que
dólares na cueca? Por que aquela
agenda? Tudo isso é estranho.
Folha - Mas quem teria chegado
ao seu assessor para armar isso?
Guimarães - Isso eu não sei, só
que não podem me incriminar
sem provas, como tentam. Sei que
para mim e para os meus pais o
maior sofrimento é ver o maior
orgulho deles, que é o Genoino,
aparecendo no meio de tudo isso.
O tempo todo me colocam como
"o irmão de Genoino". Genoino
não merece ser citado.
Folha - O sr. disse que conversou
com Kennedy Moura sobre a prisão
de Adalberto no domingo. Ele falou
se emprestou dinheiro ao seu assessor para montar a locadora?
Guimarães - Não, só disse que
procuraria os advogados do Adalberto para saber o que aconteceu.
Folha - Ao surgir o nome de Moura, que também foi seu assessor,
não se reforça alguma suspeita de
que o sr. poderia estar envolvido?
Guimarães - Repugno qualquer
tentativa de me vincular a este caso e exijo que provem. Se não
houver provas, vou processar os
que disseminam essa versão.
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