São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 2005

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MALA SUSPEITA

Irmão de Genoino diz não ter relação com o dinheiro

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Após apresentar uma possível explicação sobre o destino do dinheiro encontrado com seu ex-assessor José Adalberto Vieira da Silva, preso quando tentava embarcar para Fortaleza com R$ 200 mil numa mala e US$ 100 mil sob a cueca, o deputado estadual José Nobre Guimarães (PT-CE) afirmou ontem que fez o que a Polícia Federal deveria fazer: "investigar". A explicação é que o dinheiro seria usado por Adalberto e por outro assessor de seu gabinete, José Vicente Ferreira, para abrir uma firma de locação de veículos.

Folha - O sr. sabia da ida de José Adalberto a São Paulo? Encontrou-se com ele na cidade?
José Guimarães -
Reafirmo que não tinha conhecimento e muito menos que eu tenha estado com ele lá. Essa insinuação é descabida e estou absolutamente tranqüilo.

Folha - Essa versão de que o dinheiro encontrado com Adalberto seria para a abertura de uma locadora de veículos explica tudo?
Guimarães -
É bom deixar claro que quem falou isso foi o meu outro assessor [José Vicente Ferreira]. Eu disse o que fiz, que foi investigar o meu próprio assessor, coisa que a PF deveria ter feito, para identificar o destino do dinheiro. Fiz isso porque queria explicar a verdade. Portanto, consegui mostrar que o Vicente esteve comprando um carro, que esteve na JM Veículos para fazer essa compra, e penso que esses são indícios do destino do dinheiro.

Folha - E o seu pensamento de que tudo seria uma armação?
Guimarães -
É só pensar: por que tudo isso aconteceu em São Paulo? Por que na hora da reunião do PT? Por que carregar dinheiro em uma mala, hoje o símbolo de toda a história do "mensalão"? Por que dólares na cueca? Por que aquela agenda? Tudo isso é estranho.

Folha - Mas quem teria chegado ao seu assessor para armar isso?
Guimarães -
Isso eu não sei, só que não podem me incriminar sem provas, como tentam. Sei que para mim e para os meus pais o maior sofrimento é ver o maior orgulho deles, que é o Genoino, aparecendo no meio de tudo isso. O tempo todo me colocam como "o irmão de Genoino". Genoino não merece ser citado.

Folha - O sr. disse que conversou com Kennedy Moura sobre a prisão de Adalberto no domingo. Ele falou se emprestou dinheiro ao seu assessor para montar a locadora?
Guimarães -
Não, só disse que procuraria os advogados do Adalberto para saber o que aconteceu.

Folha - Ao surgir o nome de Moura, que também foi seu assessor, não se reforça alguma suspeita de que o sr. poderia estar envolvido?
Guimarães -
Repugno qualquer tentativa de me vincular a este caso e exijo que provem. Se não houver provas, vou processar os que disseminam essa versão.


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