São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 2005

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BNB decide investigar ex-assessor especial

DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O BNB (Banco do Nordeste do Brasil) decidiu ontem criar uma comissão de sindicância interna para investigar a atuação de Kennedy Moura, ex-chefe-de-gabinete e ex-assessor especial do banco.
Moura foi exonerado na última segunda-feira, após ter seu nome citado como o possível destinatário do dinheiro encontrado com o ex-dirigente petista José Adalberto Vieira da Silva, que tentava embarcar de São Paulo para Fortaleza com R$ 200 mil numa mala e US$ 100 mil escondidos na cueca.
Segundo o deputado José Nobre Guimarães (PT-CE), para quem Moura e Adalberto trabalharam, o ex-assessor do BNB foi o primeiro a telefonar avisando da prisão de Adalberto, ainda na sexta-feira pela manhã. Moura chegou a ir a São Paulo, no domingo, só para conversar com Guimarães sobre a prisão de Adalberto e para falar com os advogados dele, de acordo com o deputado.
Um outro assessor de Guimarães, José Vicente Ferreira, afirmou, por sua vez, que Adalberto havia dito, antes de seguir para São Paulo, que iria buscar dinheiro de um amigo, e que esta pessoa seria o próprio Kennedy Moura.

Polícia Federal
O ex-assessor do BNB já se apresentou à Polícia Federal para dizer onde mora e para não parecer estar foragido. Ele declarou, por meio de seu advogado, que não tem nada a ver com o dinheiro apreendido com Adalberto.
O presidente do banco, Roberto Smith, negou que Moura tivesse qualquer poder de decisão em relação a licitações ou sobre a concessão de crédito, mas disse que, se houver indícios de uso do tráfico de influência para se beneficiar, tudo isso será investigado.
Petista histórico, Smith reconheceu que sua indicação foi abonada por José Nobre Guimarães, mas se responsabilizou pela escolha de Moura. "No caso dele, não houve uma indicação, foi uma escolha minha", disse.
Ele admitiu que, por ser um banco público, políticos de diferentes siglas o procuram com demandas, mas que todas são analisadas da mesma forma e passam por uma rígida avaliação antes de serem aprovadas. "O BNB não tem aparelhismo político", disse.
Smith disse que, na conversa que teve com Moura na segunda-feira, antes que seu então assessor pedisse a exoneração, perguntou se ele tinha mesmo algum envolvimento no caso. "Ele respondeu que não, que não sabia de nada, mas eu disse que a inocência tinha de ser provada. Foi então que ele pediu para sair", disse Smith.
O Ministério Público Federal também pediu informações ao banco sobre a atuação de Moura e sobre os motivos de sua saída.
Ontem, a Polícia Federal informou que pedirá segredo de Justiça no inquérito que investiga a apreensão do dinheiro com o ex-assessor do PT. Após ser solto anteontem, Adalberto passou a noite em São Paulo. Teria dormido na casa de um de seus advogados.


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