|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRANSIÇÃO
Governo exibirá cifras para mostrar que, sem FMI, país pode quebrar
Apoio de Ciro a acordo com FMI é prioridade para FHC
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O roteiro do presidente Fernando Henrique Cardoso para os encontros com os quatro principais
presidenciáveis tem duas prioridades: exibir números que mostrem aos oposicionistas que sem o
FMI o Brasil não fechará as contas
externas em 2003 e obter principalmente de Ciro Gomes (PPS) o
compromisso de que cumprirá na
íntegra o acordo com o Fundo
Monetário Internacional.
A Folha apurou que, na avaliação do FMI e do governo, Ciro é o
candidato que mais tem assustado o mercado, que o vê como o
que tem hoje mais chances de sair
vitorioso. Logo, é personagem
mais importante que Luiz Inácio
Lula da Silva (PT), cuja posição
sobre o acordo é considerada satisfatória por FHC.
Em reunião ontem no Palácio
da Alvorada, o presidente, a equipe econômica e os articuladores
políticos definiram a estratégia
para as conversas, que devem ser
precedidas de novos contatos
com assessores dos candidatos.
FHC quer evitar que seja transmitida a idéia de enquadramento
de Ciro ou de divisão de responsabilidade pela crise, apesar de essas duas coisas serem objetivos
não admitidos.
O presidente pretende dizer aos
oposicionistas Lula, Ciro e Anthony Garotinho (PSB) que não
espera deles declarações simpáticas à atual política econômica,
mas que reconheçam que o acordo é vantajoso para o país e que
deixem claro que o cumprirão. O
governista José Serra (PSDB) assumiu isso publicamente.
A intenção de FHC e seus auxiliares é dizer que os US$ 24 bilhões previstos para serem sacados pelo próximo presidente em
2003 são a única forma de evitar
um calote do Brasil nos investidores internacionais. O presidente
mostrará que essa quantia representará 52% de todos os recursos
necessários para fechar as contas
externas do país no ano que vem.
US$ 6,6 bi do Fundo
Para dar uma idéia da importância da cifra aos candidatos e
seus assessores econômicos, o governo dirá que os US$ 24 bilhões
são praticamente o quádruplo de
recursos obtidos no FMI para fechar as contas externas de 2001.
Ou seja, no ano passado, o Brasil
precisou de US$ 58,4 bilhões para
fechar as contas externas e usou
US$ 6,6 bilhões do FMI.
Como os US$ 24 bilhões só poderão ser sacados se o futuro presidente da República cumprir as
metas previstas no acordo, declarações de candidatos, especialmente dos hoje favoritos Lula e
Ciro, deixando dúvidas a esse respeito, intranquilizam o mercado,
que antecipa o problema e gera
uma crise no curto prazo.
No almoço-reunião de uma hora e meia ontem no Palácio da Alvorada, foi mencionada a disposição de FHC de receber a anunciada proposta do presidenciável petista de realizar logo uma minirreforma tributária. O governo, porém, tem dúvidas sobre a viabilidade de o Congresso aprová-la
antes das eleições.
Também ficou claro que a prorrogação de futuras receitas previstas para acabar neste ano será um
assunto que caberá ao novo presidente negociar depois que for
eleito. Exemplo: a alíquota de
27,5% do Imposto de Renda de
Pessoas Físicas cairá para 25% no
ano que vem.
A Presidência da República ainda não definiu se os candidatos
poderão conceder entrevistas ou
falar com a imprensa após os encontros com FHC em um espaço
reservado no Palácio do Planalto.
Isso está sendo avaliado do ponto
de vista do que estipula a legislação eleitoral.
Colaborou SANDRO LIMA, da Sucursal
da Brasília
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Ciro discute com banqueiros em jantar Índice
|