São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 2002 |
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DIÁLOGO DE OCASIÃO Encontros ocorrem sempre em momentos de crise, mas os resultados costumam ser pífios Em horas de aperto, FHC recorre à oposição
ELIANE CANTANHÊDE DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Sempre que a corda estica, na política ou na economia, como agora, o presidente Fernando Henrique Cardoso convida a oposição para conversar. Intensas discussões precedem os encontros, mas os resultados em geral são pífios. "Os convites são sempre em momentos de crise. E a oposição não pode apostar no quanto pior, melhor", disse ontem o deputado José Genoino, candidato do PT ao governo de São Paulo. O presidente propôs diálogo aos opositores pouco antes de grandes manifestações populares, de prenúncio de derrota em votações importantes no Congresso ou mesmo em caso de queda de popularidade. O primeiro convite para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi em maio de 1997, dois anos e quatro meses depois da posse. Lula praticamente aceitou, mas voltou atrás diante das reportagens da Folha sobre compra de votos para a reeleição, um momento dramático para FHC. A conversa só aconteceu, finalmente, em dezembro de 1998, durante as dúvidas e investigações sobre a autenticidade do "dossiê Caribe", conjunto de papéis contra FHC e outros líderes tucanos no exterior. Só mais tarde foi classificado como falso. No encontro de duas horas e meia, no Alvorada, FHC agradeceu a Lula por ter se recusado a acatar e passar adiante o "dossiê". Foi quase um encontro de velhos amigos, mas houve reações negativas no PT, temendo o uso de Lula como "peça de marketing" a favor de FHC. E os dois só voltaram a se encontrar em janeiro de 2002, em novo momento tenso para o governo. O prefeito petista Celso Daniel (Santo André) fora assassinado, só se falava em violência e na suspeita de uma onda de ataques contra petistas. Ao contrário do anterior, esse encontro foi formal, tenso, no Planalto. As reuniões de FHC com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) também foram sempre em momentos difíceis. Em abril de 1997, quando já era armada a aprovação da emenda da reeleição, e em julho de 1999, dois meses antes da maior marcha contra FHC em Brasília. Nos dois mandatos, o presidente também chamou os governadores em momentos de críticas à política econômica ou de dificuldade, por exemplo, para aprovar a reforma da Previdência no Congresso. Ele também teve encontros isolados e esparsos com todos os seus principais adversários. Depois de conquistar o direito à reeleição, reuniu-se com Paulo Maluf (PPB), Itamar Franco (então no PMDB), Miguel Arraes (PSB). Também recebeu, em 99 e 2000, os atuais candidatos de oposição Ciro Gomes (PPS) e Anthony Garotinho (PSB). Se esperava apoio em 2002, deu no que deu. Texto Anterior: Ciro é o único a subir, segundo CNT/Sensus Próximo Texto: Ciro e Lula planejam propor agenda contra a crise a FHC Índice |
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