São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 2002

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ALAGOAS

Candidato à reeleição, Lessa contará com apoio de presidenciáveis na tentativa de evitar a volta do ex-presidente

Governador lança campanha "Brasil contra Collor"

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de Alagoas, Ronaldo Lessa (PSB), iniciou uma campanha nacional e suprapartidária na tentativa de barrar a volta do ex-presidente Fernando Collor (PRTB), favorito na disputa estadual, ao poder. "O Brasil não pode deixar que "a coisa" conquiste de novo o poder", diz Lessa, que usa como tática evitar o nome do adversário em comícios e na TV.
O desejo do candidato à reeleição é engajar artistas e políticos de todas as tendências na sua jornada. Além de Anthony Garotinho (PSB), que visitou Maceió na semana passada e já encarnou o espírito "anticollorido", o governador alagoano vai recorrer a todos os presidenciáveis para que gravem depoimentos sobre o tema.
Nos seus testemunhos, já em negociação com os comitês de campanha, os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PPS) e José Serra (PSDB) não pedirão votos para Lessa, devem apenas condenar a possível ressurreição política do ex-presidente que sofreu processo de impeachment em 1992.
Como interessa a Ciro desvincular-se da imagem de Collor, associação simbólica que o persegue desde a eleição de 1998, o ex-governador do Ceará está disposto, segundo seus assessores, a combater o candidato do PRTB em Alagoas, com quem o PPS está coligado numa frente de partidos.
Entre os artistas, o governador conta com Reginaldo Rossi, profissional de campanhas eleitorais que o apóia neste ano nos showmícios. O astro do estilo brega já participou de eventos pró-Collor nos últimos anos em Maceió.
Lessa busca ainda o apoio dos conterrâneos Djavan e Hermeto Pascoal, e conta com a simpatia de Fagner e Leci Brandão para a sua empreitada. "Ou o Brasil acaba com a coisa ou "a coisa" volta de novo para acabar com o Brasil", diz, adaptando a velha metáfora da saúva ao apelo da hora.
Contra a religiosidade da campanha de Collor, que apresenta feições messiânicas e ainda tem em frei Damião -morto em 1997- um forte "cabo eleitoral", o governador recorre a uma espécie de exorcismo no palanque.
Um dos refrões do candidato do PSB na campanha é "xô satanás!". "Vamos mostrar ao povo de fé que "a coisa" não tem nada de santo, está mais para o capeta, nada fez por Alagoas", afirma Lessa.
A assessoria do ex-presidente informou que a iniciativa revela o desespero diante da derrotada anunciada e que Collor fiscalizará de perto eventual uso do dinheiro público na campanha contra ele.



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