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REFORMA SOB PRESSÃO
Em relação ao texto original da Previdência, economia gerada pela reforma cairá para R$ 49 bi até 2023
Concessões geram perda de R$ 3 bilhões
JULIANNA SOFIA
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As mudanças feitas até agora
pela Câmara na reforma da Previdência significarão uma perda de
R$ 3 bilhões na economia que o
governo federal esperava obter
nos próximos 20 anos com as novas regras de aposentadoria dos
servidores. Em relação ao texto da
proposta original, a redução nos
gastos cairá de R$ 52 bilhões para
R$ 49 bilhões até 2023.
Em média, a economia anual será de aproximadamente R$ 2,5 bilhões -não entra nesse cálculo a
Previdência dos militares, a do
Legislativo e a de parte do Judiciário. Somente no ano que vem, o
déficit dos civis da União será de
R$ 16 bilhões, sem considerar ainda os efeitos da reforma.
"A perda de R$ 3 bilhões não é
algo significativo no fluxo total.
Principalmente, levando em conta o aspecto político fundamental
de o Congresso Nacional enfrentar um tema difícil e polêmico,
com pressão de segmentos poderosos do país, e aprovar a reforma", disse ontem o ministro da
Previdência, Ricardo Berzoini.
Ele afirmou que, embora a
questão fiscal seja importante, o
principal ganho da reforma é do
ponto de vista previdenciário.
"Teremos uma Previdência do
servidor sustentável", disse Berzoini, explicando que as mudanças abrem caminho para um futuro estável, pois criam o teto de R$
2.400 para a aposentadoria dos
futuros servidores.
Histórico de mudanças
Desde que chegou à Câmara, a
reforma sofreu várias modificações por pressão, principalmente,
do Judiciário e de setores mais organizados do funcionalismo. Berzoini avalia que o Senado deverá
manter o texto aprovado em primeiro turno pela Câmara. Antes
de ser encaminhada aos senadores, a reforma precisa ser votada
em segundo turno na Câmara.
As concessões feitas pelo governo mantiveram, por exemplo, a
possibilidade de os atuais servidores públicos se aposentarem com
salário integral e ainda assegurarem para suas aposentadorias a
mesma data e o mesmo índice de
reajuste do salário dos funcionários em atividade.
A integralidade e a paridade tinham sido eliminadas pelo governo no texto original. Pela última
versão da reforma, as duas vantagens agora serão preservadas para
funcionários contratados até a
promulgação da emenda constitucional, desde que cumpridas regras de idade e de permanência
no setor público.
Para ter aposentadoria integral,
o servidor precisará ter 65/60 anos
de idade, 35/30 anos de contribuição, 20 anos de setor público, dez
anos na carreira e cinco anos de
exercício no cargo. Antes, o tempo mínimo de exercício no cargo
era de dez anos e não havia exigência de tempo na carreira.
As normas para futuras pensões
e para a contribuição de inativos
também foram amenizadas. No
caso das pensões, a intenção inicial era limitá-las a até 70% do salário ou da aposentadoria do servidor. Os deputados mudaram a
proposta e criaram uma faixa de
isenção de R$ 2.400. Acima desse
valor, haveria desconto de 50%.
Mas em nova concessão o governo reduziu o desconto para 30%.
Na contribuição de inativos, a
mudança feita pela Câmara elevou de R$ 1.058 para R$ 1.440 a
faixa de isenção garantida aos
atuais aposentados. Ou seja, até
R$ 1.440 eles não recolherão contribuição previdenciária. Acima
desse valor, há o desconto de 11%.
Por pressão do Judiciário, o governo acabou aceitando fixar em
90,25% do salário de ministro do
Supremo Tribunal Federal o subteto dos juízes nos Estados.
Leia a íntegra do texto final da reforma da
Previdência na
www.folha.com.br/032251
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