São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 2005

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

"A prova"

Foi "cheque mate", no trocadilho de Ana Paula Padrão, no "SBT Brasil".
Mas Fátima Bernardes, na Globo, não achou a coisa tão definitiva, à tarde. "O cheque comprovaria o mensalinho."
O cuidado com o verbo foi protocolar. Na mesma Globo, mal apareceu o cheque, por volta do meio-dia, e Franklin Martins saiu dizendo:
- Acabou mesmo. É a prova material que liqüida a questão e torna inevitável a cassação, a menos que ele renuncie.
Pesando as alternativas, encerrou o comentarista:
- A tendência é que Severino saia de fininho. E já vai tarde. A Câmara nunca poderia ter sido presidida por alguém como Severino. Os 300 que votaram nele, na noite dos punhais, devem desculpas ao país.
No "JN", Bernardes chamou o cheque de "a prova".

 

Antes do veredicto da TV, foi preciso assistir à meia hora de Sebastião Buani nos canais de notícias, logo cedo.
Ele orou com a mulher no ombro, contou vaidoso dos autógrafos e gastou um tempo sem fim posando com o cheque. Agradeceu até a menção de seu nome por Martins.
 

A novela prosseguiu à tarde nos canais, rádios, sites.
A Jovem Pan, por exemplo, deu cada passo da secretária -chegando à casa de Severino, depois a intimação pela polícia, o novo depoimento.
Mas foram os blogs, o fenômeno de mídia desta crise, que mergulharam mais nas horas que se seguiram.
No UOL, Fernando Rodrigues noticiou "a versão de Severino", de "empréstimo" de campanha e "agiotagem".
No iG, Ricardo Noblat acrescentou que a secretária estaria "sob pressão" para levar a história à polícia. No Globo Online, Jorge Bastos Moreno deu que Severino queria "aparecer" e bancar a "argumentação".
De sua parte, o Blog do Cesar Maia se esforçava em derrubar a história, dizendo que "não há registro dessa receita" na Justiça -e Severino "mente!".
Num dia em que o Congresso prometia "ferver", expressão da Globo, outros blogs entraram em cena ontem.
O mais curioso foi Claudio Humberto, que virou blog no fim da manhã e foi assim pelo resto do dia, com cheque de Severino e tudo mais.
 

E foram blogs que passaram a especular sobre o futuro da Câmara. No Globo Online, Helena Chagas postou:
- Tudo indica que vai parar mais uma vez, para a guerra de foice da sucessão.
Depende do próprio Severino, segundo Rodrigues:
- Para José Janene, ele dificilmente renunciará. Vai sangrar até o final. Longa agonia, que pode durar 90 dias.
Se não renunciar, apesar da pressão de governistas, talvez se licencie, arriscou Cesar Maia -especulando que o pefelista Thomaz Nonô "pode tê-lo convencido de que não é carrasco" e talvez ganhe o posto.
Mas, se Severino renunciar, como anda prevendo a maioria, Moreno já avisa:
- Surgiu em campo Michel Temer. O PFL, que havia prometido seu apoio a José Eduardo Cardozo, praticamente fechou com ele.

"TEM QUE CASSAR!"
Globo/Reprodução
 Jefferson, antes

Foi como nos melhores dias de "O Povo na TV", programa em que iniciou sua vida pública há três décadas. Ele falou em "malandro", sobre Lula, e "rufião", sobre José Dirceu.
Era Roberto Jefferson em cena, nos canais de notícias, na Band, Cultura. Nesta última, Alexandre "Vamos Sair da Crise" Machado entrou de bate-pronto:
- Bela peça oratória, mas sem carta na manga.
Na Band, entrou de bate-pronto José Luiz Datena, do "Brasil Urgente", herdeiro de "O Povo na TV":
- Ficou batendo para tirar o rabo da reta! Tem que cassar esse sujeito!
Duas horas depois, o plantão anunciou a cassação.
 

Vários blogueiros anunciaram "live blogging" do discurso e da votação, mas desistiram.
Sobrou para Noblat e o blog A Nova Corja, do coletivo Insanus. O primeiro fez fartos elogios ao "melhor discurso" de Jefferson, no que foi seguido por Eliane Cantanhêde, comentando no "SBT Brasil" que foi um "discurso forte", mas não o bastante.

Espetáculo
 Paulo Maluf, no "Jornal da Band", ontem, comentando a prisão do filho:
- Ele se entregou. Deu carona para os agentes. E chegam aqui, para fazer um espetáculo global, algemam ele.
Da comida da prisão, declarou que "não daria a quentinha nem para cachorro".

Caiu
 O "Jornal da Record", de Boris Casoy, foi o único a dedicar a primeira manchete de ontem à boa notícia do dia:
- O Banco Central anuncia queda nos juros.
No "JN", foi só o sétimo destaque na escalada.
@ - nelsondesa@folhasp.com.br

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