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Maluf tentou liberar passaporte para férias
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois meses antes de ser preso
pela Polícia Federal, Paulo Maluf
planejava uma temporada de férias na Europa com a mulher dele,
Sylvia. À época, a preocupação do
ex-prefeito era convencer a juíza
federal Sílvia Maria Rocha a liberar o passaporte dele, retido desde
o final do ano passado.
Além do ex-prefeito, a juíza
também havia proibido os filhos
de Maluf, Flávio e Lígia, a nora
Jacqueline e o genro Maurílio de
viajarem para o exterior.
Num dos diálogos gravados pela Polícia Federal, entre os meses
de junho e de agosto de ano, Maluf conversa com o advogado Sérgio Salgado Ivahn Badaró, a quem
pergunta sobre a disposição da
juíza em permitir a viagem.
A conversa telefônica foi registrada no dia 24 de junho, às 17h.
Após perguntar sobre a possibilidade, Maluf diz que gostaria que
a autorização judicial saísse até o
dia 10 de julho. "Maravilha", responde Badaró.
À época, o ex-prefeito pensava
em viajar para Paris e hospedar-se
no hotel Plaza Athénée, como fazia todos os anos.
O hotel é um dos mais caros da
cidade. A diária em um de seus
quartos é em média de 1.845. A
suíte real, a mais cara, chega a custar 6.050.
Netos
Animado com a possibilidade
de viajar por alguns dias, Maluf
pergunta se é possível conseguir o
passaporte de forma definitiva.
"Não. Eu tinha combinado 60
dias. Num segundo momento a
gente pede definitivo", afirmou
Badaró.
Maluf insiste numa autorização
judicial definitiva, para que ele
possa viajar sem ter de "ir e voltar,
ir e voltar".
O advogado desaconselha:
"Olha, doutor Paulo, Eu acho que
dessa vez é meio arriscado".
O ex-prefeito pergunta então se
o benefício poderia ser estendido
também para o filho Flávio e para
a nora Jacqueline. Explica que isso
é pelos netos.
"É importante, é importante.
Agora é férias das crianças", disse.
Ele diz que os filhos de Otávio, seu
outro filho, cujo passaporte não
foi bloqueado, têm viajado para o
exterior, mas que os de Flávio
não. "Eles já compreendem. Os filhos do Otávio vão sair e vão para
os Estados Unidos. E eles vão aqui
em Fernando de Noronha".
Decisão
Os advogados de Maluf pediram à juíza que concedesse 60
dias de viagem internacional ao
ex-prefeito. Acharam melhor não
pedir para Flávio, que já havia viajado em maio para a Alemanha
-a autorização havia sido dada
por um juiz substituto.
A juíza, no entanto, negou o pedido dos Maluf e manteve os passaportes na Justiça.
Ao tomar conhecimento do interesse dos Maluf em viajar, a Procuradoria da República também
se opôs. À época, sustentou que,
no exterior, o ex-prefeito poderia
tentar movimentar suas contas
fora do país.
Em nome de Sylvia, há pelo menos duas contas na França, ambas
alvo de processo penal.
(LC)
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