São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 2005

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Maluf tentou liberar passaporte para férias

DA REPORTAGEM LOCAL

Dois meses antes de ser preso pela Polícia Federal, Paulo Maluf planejava uma temporada de férias na Europa com a mulher dele, Sylvia. À época, a preocupação do ex-prefeito era convencer a juíza federal Sílvia Maria Rocha a liberar o passaporte dele, retido desde o final do ano passado.
Além do ex-prefeito, a juíza também havia proibido os filhos de Maluf, Flávio e Lígia, a nora Jacqueline e o genro Maurílio de viajarem para o exterior.
Num dos diálogos gravados pela Polícia Federal, entre os meses de junho e de agosto de ano, Maluf conversa com o advogado Sérgio Salgado Ivahn Badaró, a quem pergunta sobre a disposição da juíza em permitir a viagem.
A conversa telefônica foi registrada no dia 24 de junho, às 17h.
Após perguntar sobre a possibilidade, Maluf diz que gostaria que a autorização judicial saísse até o dia 10 de julho. "Maravilha", responde Badaró.
À época, o ex-prefeito pensava em viajar para Paris e hospedar-se no hotel Plaza Athénée, como fazia todos os anos.
O hotel é um dos mais caros da cidade. A diária em um de seus quartos é em média de 1.845. A suíte real, a mais cara, chega a custar 6.050.

Netos
Animado com a possibilidade de viajar por alguns dias, Maluf pergunta se é possível conseguir o passaporte de forma definitiva.
"Não. Eu tinha combinado 60 dias. Num segundo momento a gente pede definitivo", afirmou Badaró.
Maluf insiste numa autorização judicial definitiva, para que ele possa viajar sem ter de "ir e voltar, ir e voltar".
O advogado desaconselha: "Olha, doutor Paulo, Eu acho que dessa vez é meio arriscado".
O ex-prefeito pergunta então se o benefício poderia ser estendido também para o filho Flávio e para a nora Jacqueline. Explica que isso é pelos netos.
"É importante, é importante. Agora é férias das crianças", disse. Ele diz que os filhos de Otávio, seu outro filho, cujo passaporte não foi bloqueado, têm viajado para o exterior, mas que os de Flávio não. "Eles já compreendem. Os filhos do Otávio vão sair e vão para os Estados Unidos. E eles vão aqui em Fernando de Noronha".

Decisão
Os advogados de Maluf pediram à juíza que concedesse 60 dias de viagem internacional ao ex-prefeito. Acharam melhor não pedir para Flávio, que já havia viajado em maio para a Alemanha -a autorização havia sido dada por um juiz substituto.
A juíza, no entanto, negou o pedido dos Maluf e manteve os passaportes na Justiça.
Ao tomar conhecimento do interesse dos Maluf em viajar, a Procuradoria da República também se opôs. À época, sustentou que, no exterior, o ex-prefeito poderia tentar movimentar suas contas fora do país.
Em nome de Sylvia, há pelo menos duas contas na França, ambas alvo de processo penal. (LC)


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