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Ex-prefeito pressionou Pitta, diz Procuradoria
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o Ministério Público Federal, Paulo Maluf, movido por "interesse pessoal", intercedeu em
favor da construtora Mendes Júnior mesmo depois de ter deixado
a Prefeitura de São Paulo. A pressão teria ocorrido na gestão do sucessor e ex-afilhado político dele,
Celso Pitta (sem partido).
A construtora foi a responsável
pela obra da avenida Água Espraiada (hoje av. Jornalista Roberto Marinho), apontada pela
Procuradoria como o escoadouro
de dinheiro público. Entre a gestão de Maluf (1993-1996) e a de
Pitta (1997-2000), a prefeitura pagou aproximadamente US$ 600
milhões pela obra.
"Muito mais do que um interesse público atípico de um ex-prefeito sobre o pagamento de obras
das quais já não tinha qualquer
responsabilidade legal, Paulo Maluf tinha interesse pessoal no exato e fiel cumprimento dos pagamentos realizados pelo município
de São Paulo", sustentaram os
procuradores Pedro Barbosa e
Rodrigo de Grandis na denúncia
(acusação formal à Justiça).
Essa denúncia foi aceita na última sexta-feira. Com isso, instaurou-se um processo penal contra
Maluf e o filho Flávio por lavagem
de dinheiro, corrupção, formação
de quadrilha e evasão de divisas.
Pressão
A informação sobre o suposto
interesse de Paulo Maluf no pagamento à construtora foi dada por
Pitta, durante depoimento dele à
Polícia Federal.
Ex-funcionário da Eucatex, empresa da família Maluf, Pitta afirmou à polícia que, após assumir a
prefeitura, recebeu diversas ligações telefônicas do antecessor.
"Havia uma cobrança de Maluf
no sentido de saldar dívidas deixadas pela administração dele
com a construtora", disse.
Em seu depoimento, Pitta afirmou ainda que, em uma das cobranças, Maluf reclamou do fato
de ele ter dado prioridade ao pagamento de precatórios no lugar
de pagar as construtoras.
Para a Procuradoria, o interesse
de Maluf justifica-se pela quantidade de dinheiro público que foi
desviado das obras. O Ministério
Público afirma não ter dúvidas de
que dinheiro pago pela Prefeitura
de São Paulo à construtora Mendes Júnior foi parar em contas
bancárias no exterior.
Na denúncia, os procuradores
apresentaram um quadro em que
relacionam as informações dadas
por um ex-funcionário da Mendes Júnior -que se apresentou
como o responsável pelo caixa
dois da empresa- com os extratos bancários enviados pelo Safra
National Bank de Nova York.
As 14 operações que o ex-funcionário Simeão Damasceno de
Oliveira denunciou ter feito a pedido da construtura, reveladas à
Promotoria da Cidadania em
2002, conferem em detalhes de
centavos com os valores depositados na conta do Safra.
Maluf nega ter enviado dinheiro
para o exterior. Ele afirma que todos os gastos da gestão dele foram
aprovados pelo Tribunal de Contas do Município. Pitta, por sua
vez, disse que se for prejudicado,
irá processar Maluf.
(LC)
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