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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/A HORA DAS PROVAS
Ex-ministro da Secom bate boca com parlamentares, defende o governo e diz que crise política tem sido alimentada pela oposição
Gushiken discute na CPI e culpa "direita"
Sérgio Lima/Folha Imagem
![](../images/n1509200502.jpg) |
O ex-ministro Luiz Gushiken bate boca com parlamentares da oposição durante depoimento à CPI |
FERNANDA KRAKOVICS
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de reconhecer erros cometidos por dirigentes do PT, o
chefe do NAE (Núcleo de Assuntos Estratégicos), Luiz Gushiken,
afirmou ontem, na CPI dos Correios, que "forças da direita" estão
se aproveitando da atual crise para fazer disputa política. Ele não
aceitou acusações de corrupção
contra o governo e chegou a bater
boca com parlamentares.
Ex-ministro da Secom (Secretaria de Comunicação de Governo),
Gushiken negou influenciar decisões de investimento dos fundos
de pensão, mas reconheceu proximidade com os dirigentes das
duas maiores entidades de previdência do país: Petros (Petrobras)
e Previ (Banco do Brasil).
Gushiken admitiu ter indicado
Wagner Pinheiro para a presidência da Petros e disse que é amigo e
que costuma conversar com o
presidente da Previ, Sérgio Rosa.
O contencioso entre os fundos
de pensão e o Opportunity em
torno do controle da Brasil Telecom foi um dos pontos altos do
depoimento. Gushiken alegou ter
interesse em se informar sobre os
desdobramentos do conflito, que
afirma ser a "maior disputa societária da história do capitalismo
brasileiro", porque foi alvo de "espionagem".
Conforme a Folha publicou no
ano passado, o banqueiro Daniel
Dantas (dono do Opportunity)
contratou a empresa Kroll para
investigar integrantes do governo
ligados aos fundos de pensão, entre os quais Gushiken.
O senador Heráclito Fortes
(PFL-PI) disse que Daniel Dantas
teria contratado a Kroll a pedido
do Citibank (também acionista da
Brasil Telecom) e que o governo
não atacava o banco porque os
fundos de pensão se associaram a
ela para destituir o Opportunity
do controle da tele, o que ocorreu
em abril deste ano. "O senhor tem
se notabilizado como um grande
defensor do empresário Daniel
Dantas", disse Gushiken.
Nos bastidores do governo, o
ex-ministro sempre trabalhou a
favor dos fundos de pensão e contra os interesses de Dantas. Depois de afirmar que não tinha
problemas pessoais com o banqueiro e que não iria fazer juízo de
valor sobre ele, leu manchetes de
várias reportagens negativas sobre Dantas, como o indiciamento
pela Polícia Federal por formação
de quadrilha no caso Kroll.
Gushiken minimizou a ingerência da Secom na publicidade das
estatais. Segundo ele, a secretaria
supervisionava as campanhas publicitárias e as licitações das empresas, não participando da fixação de valores de contratos nem
do gerenciamento de recursos.
O chefe do NAE defendeu a
aprovação da reforma política como forma de impedir a repetição
de casos de corrupção como os
que geraram o escândalo do
"mensalão" e afirmou que tem
acompanhando com "tristeza e
repúdio" a crise.
Forças da direita
Para ele, no entanto, as acusações estariam sendo infladas pela
oposição. "Nesse contexto de crise, percebemos também a exacerbação do confronto entre partidos políticos, o que é natural no
regime democrático. Mas sejamos claros, a bandeira da ética
não é monopólio de nenhum partido, muito menos das forças da
direita que comandaram por dezenas de anos essa nação."
Gushiken reagiu a provocações
de parlamentares da oposição e a
acusações contra o governo. Discutiu com os deputados Eduardo
Paes (PSDB-RJ) e Ônyx Lorenzoni (PFL-RS). Ao senador Álvaro
Dias (PSDB-PR) pediu que se retratasse das acusações contra ele
de envolvimento no esquema de
corrupção investigado pela CPI.
"Não faço nenhuma retratação
porque é tudo fruto de minha
convicção pessoal. O senhor é responsável sim por aditivos em
contratos, nomeações em comissões que decidem sobre verbas de
publicidade e tem responsabilidade em nomeações de fundos de
pensão", disse o senador.
O deputado Ônyx Lorenzoni
disse que Gushiken e outros integrantes do governo teriam incorrido em crimes como "formação
de quadrilha, corrupção passiva,
prevaricação e peculato", entre
outros. "Sem o senhor na Secom,
o senhor Marcos Valério não existiria", afirmou Lorenzoni.
Gushiken disse que as acusações eram "levianas" e que o deputado tinha de provar sua participação no crime de formação de
quadrilha. Afirmou que todos os
contratos de publicidade das estatais foram fechados de acordo
com a Lei das Licitações.
Já o deputado Eduardo Paes
disse que o publicitário Marcos
Valério (de cujas contas foi sacado dinheiro por petistas e aliados
do governo) esteve nos "intestinos do governo".
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