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BALANÇO
Líder diz que partido cresceu devido às suas propostas
Lula recusa rótulo de petismo "light"
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
A principal liderança nacional
do PT, Luiz Inácio Lula da Silva,
rejeita o carimbo de moderado
que o partido ganhou nas eleições. Para Lula, o PT não é "light"
nem se converteu à social-democracia para aumentar em mais de
50% o total de votos que recebeu.
Em entrevista à Agência Folha
anteontem, em Santos, o petista
disse que o partido não fez alterações no discurso, mas mostrou
que é capaz de ser "propositivo" e
não somente denuncista.
Lula esteve em Santos para dar
apoio a Telma de Souza, que disputa a prefeitura contra Beto
Mansur (PPB). Leia abaixo trechos da entrevista concedida após
gravação em que declarava seu
apoio à candidata do PT.
Agência Folha - Qual é a sua opinião sobre as análises que atribuem o êxito eleitoral do PT ao fato
de o partido ter amenizado seu discurso e se tornado "light"?
Lula - A única explicação que tenho para isso é a falta de informação. Se quem escreve isso andasse
pelo Brasil, iria perceber que o
grande sucesso do PT nessas eleições se deve a três coisas: primeiro, às experiências administrativas; segundo, ao trabalho de oposição ao governo federal; terceiro,
à prevalência da ética na campanha. O PT não pode, no ano 2000,
fazer o mesmo discurso que fazia
em 1980. A conjuntura é outra.
Agência Folha - O sr. concorda
que o discurso do partido perdeu
radicalidade?
Lula - Não. Acho que há lugares
em que é até mais radical. Se você
for para Recife ou para Belém vai
perceber. Em vez de ficar fazendo
apenas a crítica, o partido vem
propondo alternativas. Hoje, você
não pode mais fazer discurso falando apenas do desemprego.
Tem de dizer como reduzir o desemprego ou fazer a economia
voltar a crescer. Mesmo assim,
nunca tivemos uma campanha
tão vermelha quanto a da Marta.
Nunca tivemos tanta apologia do
vermelho e da nossa estrela como
na campanha da Marta.
Agência Folha - Sim, mas as propostas e a ação política do partido
são muito diferentes.
Lula - Obviamente há uma evolução. O partido vai evoluindo.
Senão, não precisaríamos fazer
um programa em cada eleição.
Agência Folha - Mas o sr. concorda que hoje o discurso do PT é menos ideológico e mais pragmático?
Lula - Eu diria que o discurso do
PT hoje é menos ideológico e
mais programático. Pela primeira
vez conseguimos uniformizar um
discurso com as nossas experiências administrativas e com as críticas que tínhamos a fazer ao governo (FHC).
Agência Folha - A linha adotada
na eleição é um indicativo de como
será a campanha do partido em
2002?
Lula - Não. Em 2002 vamos precisar saber qual é a conjuntura
que estaremos vivendo. Mas, tenho certeza, vão ser utilizadas na
campanha de 2002 as experiências bem sucedidas dos nossos
governos e, com muita força, a
questão ética.
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