São Paulo, quinta, 15 de outubro de 1998

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VIAGEM OFICIAL
Apoio a ministro não é abalado após episódio com a Telefónica
FHC descarta afastamento de Mendonça de Barros

da Sucursal de Brasília

O episódio da hospedagem do ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, à custa da Telefónica de España em Madri, não abalou a confiança do presidente Fernando Henrique Cardoso em seu auxiliar.
Essa confiança seria "absoluta", segundo relato de interlocutores de FHC. O presidente não cogita de afastar Mendonça de Barros do cargo.
O ministro já tem espaço garantido no segundo governo, que começa oficialmente em janeiro. No gabinete do presidente, o ministro é chamado de "guerreiro".
A Folha apurou que prospera no Palácio do Planalto a avaliação de que o ministro poderia ter se "distraído".
Segundo essa versão, Luiz Carlos Mendonça de Barros teria pago despesas extras no hotel pensando que se tratava da diária da suíte, durante estada na capital espanhola entre quarta e quinta da semana passada.
A conta paga pelo ministro custou US$ 229 (de acordo com Mendonça de Barros). O preço da diária, sem descontos, é US$ 1.126, segundo informação do hotel.
Reportagem da Folha mostrou que a diária foi paga pela Telefónica de España, principal operadora estrangeira de empresas de telefonia recentemente privatizadas.
A conta foi faturada pela agência El Corte Inglés contra a Telefónica no valor total de US$ 520.
Anteontem, Mendonça de Barros insistiu em que a conta do hotel foi paga por ele. O ministro anunciou que convocaria uma entrevista para mostrar documentos que, segundo ele, comprovariam o pagamento da conta e o desconto, obtido por meio da reserva da diária pela empresa de telefonia.
Os documentos não foram apresentados ontem. O ministro estaria aguardando que o hotel e a Telefónica enviassem os papéis.
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, disse que o ministro já havia conversado com o presidente e ficou de "prestar esclarecimentos" à imprensa. Na véspera, Amaral havia negado que FHC e Mendonça de Barros tivessem conversado. "Foi um equívoco."
O código de conduta de autoridades em discussão no governo também proíbe que ministros aceitem presentes, hospitalidade e cortesias. As penas iriam da advertência até o afastamento do cargo.
Mendonça de Barros viajou a Madri para, segundo declaração sua, "acalmar investidores estrangeiros" a respeito da situação econômica brasileira frente à crise mundial.
A Telefónica de España é dona da Telesp fixa, da Tele Sudeste Celular e da companhia gaúcha de telefonia CRT.



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