UOL

São Paulo, sábado, 15 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

REVISÃO SOCIAL

"Não podemos enfraquecer a universidade pública", diz Genoino

PT ataca Fazenda e defende o ensino universitário gratuito

RANIER BRAGON
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do PT, José Genoino, afirmou ontem que o partido é contra o fim da universidade gratuita e a adoção da focalização nos gastos sociais, dois dos principais pontos divulgados anteontem pelo Ministério da Fazenda em documento que tem como objetivo apresentar um roteiro para uma reforma no gasto social.
Segundo o presidente do PT, o partido "tem posição histórica contrária a esses dois pontos" e vai para o debate com o governo "defendendo esse enfoque".
"Não podemos enfraquecer a universidade pública. Além disso, pode haver assistência social com determinado foco, mas isso não pode prejudicar o caráter universal das políticas públicas", disse Genoino. A posição do presidente do PT representa uma das poucas manifestações contrárias que a ala majoritária da legenda faz à condução do governo Luiz Inácio Lula da Silva, que pertence à essa ala.
Segundo Genoino, as outras questões, como uma possível redução no percentual de dedução com saúde e educação no Imposto de Renda da Pessoal Física, podem ser debatidos pela Executiva nacional, que vem preparando uma avaliação do governo Lula a ser fechada na última reunião do ano, em meados do próximo mês.
O presidente do PT considera que o documento da Fazenda não representa uma posição final do governo, e sim um elemento para o debate: "O PT encara o texto como uma contribuição para o debate, uma sugestão. No PT e no governo, vamos opinar com os enfoques que defendemos". Apesar das ressalvas, Genoino disse que "o documento traz contribuição importante ao retratar uma situação social injusta".
O documento da Fazenda, intitulado "Gasto Social do Governo Central", tem 47 páginas e sua íntegra pode ser consultada no site www.fazenda.gov.br. Sob a justificativa de que os ricos se apropriam da grande fatia dos gastos públicos, o documento ataca o financiamento das universidades federais, as deduções com educação e saúde no Imposto de Renda e a universalização dos gastos públicos -que é o direcionamento a toda a população, indiscriminadamente, dos recursos. A focalização é a canalização dos gastos nos estratos mais necessitados.
O deputado federal Alberto Goldman (SP), um dos vice-líderes do PSDB, defendeu o documento: "O diagnóstico está certo, mas o governo tem que tirar conclusões práticas. Durante esse ano, foram priorizadas as reformas da Previdência e tributária, mas não pode ser só isso".


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Fazenda diz que texto é só diagnóstico
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.