São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lula cobrará fidelidade em troca de vagas na Esplanada

Petista deve contemplar todos os partidos, mas quer "responsabilidade" no Congresso

Ontem, presidente recebeu Jorge Viana, cotado para ministério, e Jorge Gerdau, que praticamente descartou ocupar cargo no governo


KENNEDY ALENCAR
EDUARDO SCOLESE
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem a auxiliares que atenderá de forma satisfatória a todos os partidos da base aliada na montagem do novo ministério, mas cobrará "responsabilidades" nas votações no Congresso.
Lula quer evitar os erros do primeiro mandato, quando, em várias votações, os partidos aliados, apesar de comandarem órgãos do governo, não eram totalmente fiéis.
O principal alvo será o PMDB. O petista trabalha para atrair todo o partido para sua base de apoio, a fim de contar com a maioria dos votos dos peemedebistas no Congresso.
No primeiro mandato, isso não aconteceu.
Lula tem ouvido o conselho de ministros para dar ao PMDB cargos que incluam o partido nas reuniões de coordenação do Palácio do Planalto.
Nessa estratégia, um dos nomes cotados é o do ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Nelson Jobim, que poderia assumir a articulação política, hoje comandada pelo petista Tarso Genro (Relações Institucionais).
Lula, no entanto, ainda não está certo sobre quem deve nomear para o posto.
Ontem, ele recebeu o governador do Acre, Jorge Viana, cotado para integrar seu ministério no segundo mandato.
Como tem bom trânsito com a oposição, Viana também é visto como um bom nome para o lugar de Tarso Genro.
O ex-presidente do PT deseja mudar de pasta. Sua predileção é assumir o Ministério da Justiça, que ficará vago com a saída de Márcio Thomaz Bastos. Só que, além dele, outro cotado para esse ministério é o ministro do STF Sepúlveda Pertence, que, hoje, teria mais chances.
Nesse caso, Tarso pode ficar onde está ou mesmo voltar para o Ministério da Educação, apesar de Lula já ter sinalizado que o atual ministro da área, Fernando Haddad, permaneceria em seu lugar.
Além de Viana, Lula recebeu ontem o empresário Jorge Gerdau Johanpetter. Cotado inicialmente para assumir um ministério, Gerdau praticamente definiu com o presidente Lula que não será ministro.
Gerdau, assim como Jorge Viana, evitou falar com a imprensa na saída do encontro com Lula. Ele apresentou a Lula um plano de gestão.
Em reunião à tarde com sua coordenação de governo, Lula disse que as conversas sobre novos ministros somente se tornarão conclusivas depois de cuidar do anúncio de medidas sobre desoneração fiscal, reforma tributária e infra-estrutura, o que pode ocorrer no final da próxima semana.

Saídas
Lula também estuda eventuais mudanças em sua equipe mais próxima de trabalho.
Além do ex-ministro e chefe do NAE (Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência), Luiz Gushiken, que anunciou sua saída do governo, seu chefe-de-gabinete, Gilberto Carvalho, também colocou seu cargo à disposição logo após o segundo turno. Em conversas reservadas, Carvalho tem declarado que gostaria de "mudar um pouco de ares", talvez para um outro setor do governo, como a área social.
Lula, porém, não quer Carvalho longe do Planalto.
Amigo do presidente, Gilberto Carvalho sairá da chefia de gabinete apenas na hipótese de um rearranjo interno na estrutura do Palácio do Planalto.


Texto Anterior: Delegado pedirá à Justiça retirada de dados da Folha e prazo maior para investigações
Próximo Texto: Para Temer, costura de Lula com PMDB ocorre de forma equivocada
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.