|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
QUESTÃO INDÍGENA
Presos em Mato Grosso teriam ateado fogo em ocas e estuprado índias
PF prende acusados de invadir aldeia
ROBERTO SAMORA
da Agência Folha, em Campo Grande
A Polícia Federal prendeu anteontem cinco homens acusados
de invadir a aldeia Potrero Guassu e atear fogo em 25 ocas de índios guarani-caiuás, em Paranhos (455 km ao sul de Campo
Grande-MS).
Pelo menos cinco crianças ficaram feridas durante o ataque.
Existe a suspeita de que índias
possam ter sido estupradas, segundo a Polícia Federal.
Cerca de 50 homens armados,
de acordo com a Funai (Fundação Nacional do Índio), entraram
atirando com a intenção de expulsar os índios do local, na madrugada de sexta-feira.
Cápsulas de projéteis de diversos calibres foram encontradas
na aldeia dos índios guarani-caiuás pela polícia.
Estupros
Ninguém foi ferido a tiros, mas
quatro índias teriam sido estupradas, de acordo com o coordenador do núcleo da Funai em Dourados (MS), Wilson Matos, que
esteve averiguando a situação na
aldeia, onde vivem cerca de 280
pessoas.
A Funai acusa sitiantes e fazendeiros da região, que disputam a
área com os índios guarani-caiuás, de serem os responsáveis
pela invasão e destruição de parte
da aldeia.
O coordenador da Funai afirmou que existe risco de conflito
entre índios e fazendeiros. Ele disse que viajou a Paranhos para tentar evitar que haja violência.
Quadro desolador
O delegado da Polícia Federal de
Ponta Porã (MS) Bráulio Galone
afirmou que a equipe de agentes
que esteve na aldeia encontrou
um "quadro desolador". "Diversos índios ficaram feridos, incluindo cinco crianças", disse o
delegado da PF.
Galone disse que os presos são
seguranças de uma das fazendas
da região.
Segundo o delegado, eles foram
reconhecidos pelos índios como
sendo alguns dos agressores que
invadiram a aldeia.
A polícia indiciou os detidos
por porte ilegal de armas e estupro, entre outros crimes. Três revólveres foram apreendidos, além
de munição para armas de calibre
12 e 45.
Motivo
Um fazendeiro teria tido a casa
invadida na última semana pelos
guarani-caiuás e, por isso, convocado outros proprietários para
tentar expulsar os índios de lá. Esse teria sido o motivo da invasão
da aldeia.
Há cerca de dois anos os guarani-caiuás entraram no local, onde
já existiam três fazendas e 28 sítios, alegando que a terra lhes pertencia.
Estudo da Funai considerou a
área, de 4.025 hectares, como sendo indígena. A questão está sendo
disputada na Justiça.
Texto Anterior: Venda é alegação mais comum Próximo Texto: Elio Gaspari: A fpilantropia e o atraso riram por último Índice
|