São Paulo, Domingo, 16 de Janeiro de 2000


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QUESTÃO INDÍGENA
Presos em Mato Grosso teriam ateado fogo em ocas e estuprado índias
PF prende acusados de invadir aldeia

ROBERTO SAMORA da Agência Folha, em Campo Grande

A Polícia Federal prendeu anteontem cinco homens acusados de invadir a aldeia Potrero Guassu e atear fogo em 25 ocas de índios guarani-caiuás, em Paranhos (455 km ao sul de Campo Grande-MS).
Pelo menos cinco crianças ficaram feridas durante o ataque. Existe a suspeita de que índias possam ter sido estupradas, segundo a Polícia Federal.
Cerca de 50 homens armados, de acordo com a Funai (Fundação Nacional do Índio), entraram atirando com a intenção de expulsar os índios do local, na madrugada de sexta-feira.
Cápsulas de projéteis de diversos calibres foram encontradas na aldeia dos índios guarani-caiuás pela polícia.

Estupros
Ninguém foi ferido a tiros, mas quatro índias teriam sido estupradas, de acordo com o coordenador do núcleo da Funai em Dourados (MS), Wilson Matos, que esteve averiguando a situação na aldeia, onde vivem cerca de 280 pessoas.
A Funai acusa sitiantes e fazendeiros da região, que disputam a área com os índios guarani-caiuás, de serem os responsáveis pela invasão e destruição de parte da aldeia.
O coordenador da Funai afirmou que existe risco de conflito entre índios e fazendeiros. Ele disse que viajou a Paranhos para tentar evitar que haja violência.

Quadro desolador
O delegado da Polícia Federal de Ponta Porã (MS) Bráulio Galone afirmou que a equipe de agentes que esteve na aldeia encontrou um "quadro desolador". "Diversos índios ficaram feridos, incluindo cinco crianças", disse o delegado da PF.
Galone disse que os presos são seguranças de uma das fazendas da região.
Segundo o delegado, eles foram reconhecidos pelos índios como sendo alguns dos agressores que invadiram a aldeia.
A polícia indiciou os detidos por porte ilegal de armas e estupro, entre outros crimes. Três revólveres foram apreendidos, além de munição para armas de calibre 12 e 45.

Motivo
Um fazendeiro teria tido a casa invadida na última semana pelos guarani-caiuás e, por isso, convocado outros proprietários para tentar expulsar os índios de lá. Esse teria sido o motivo da invasão da aldeia.
Há cerca de dois anos os guarani-caiuás entraram no local, onde já existiam três fazendas e 28 sítios, alegando que a terra lhes pertencia.
Estudo da Funai considerou a área, de 4.025 hectares, como sendo indígena. A questão está sendo disputada na Justiça.


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