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CELSO PINTO
Loyola: PIB cresce 3% a 4%
O presidente do Banco Central,
Gustavo Loyola, acha que a economia está crescendo ``moderadamente'' e que, portanto, não
será preciso aplicar qualquer
freio. Os números mais recentes
são altos porque se comparam a
uma economia muito desaquecida no início do ano passado, mas
é provável que a economia cresça
apenas de 3% a 4% neste ano.
Como o presidente Fernando
Henrique Cardoso falou num
crescimento de 9% da economia
brasileira em 97 e 98, se a previsão de Loyola estiver correta, sobraria uma expansão de 5% a 6%
no ano da sucessão presidencial.
O mercado financeiro, contudo,
não está acreditando no BC. Há
pouco mais de um mês, o mercado futuro de juros projetava queda persistente nos próximos meses. Hoje, os juros saem de 1,68%
no mês para 1,69% na taxa aplicada a julho e se mantêm aí em
``swaps'' de títulos pré-fixados
para um ano.
Loyola diz que o mercado financeiro está imaginando que,
para evitar uma deterioração
ainda maior na balança comercial, o governo acabará desaquecendo a economia. Os juros subiriam ou empurrados pelo desejo
do governo de desacelerar o crescimento, ou porque seria preciso
aumentar a remuneração interna
em dólares (o chamado ``cupom
em dólar'') para atrair capitais.
``O BC não fez movimento algum que levasse a conclusões deste tipo'', observa Loyola. ``Acho
que não há sinal algum que indique que deva mudar a política de
juros ou de câmbio''. Ele admite
que a redução gradual dos juros
pelo BC vai chegar num piso, que
ele define como um juro equivalente ao juro internacional mais
um prêmio de risco Brasil. Quanto seria? Os juros internacionais
estão em torno de 7%, o risco
Brasil seria algo em torno de 3%.
Por essa conta, o piso, na verdade, já chegou ou está perto. Pode-se calcular a remuneração em
dólar de uma aplicação no mercado brasileiro de duas formas.
Uma é olhando o que efetivamente aconteceu nos últimos 12 meses, outra é projetando o que poderá acontecer. Para projetar o
futuro, consideram-se tanto os
juros quanto a desvalorização
projetada nos mercados futuros.
Olhando para trás e descontando o imposto pago pelo investidor
externo, o cupom em dólar rendeu algo entre 10% e 11% líquidos. Olhando o futuro, renderia
entre 8% e 9%. Nos dois casos,
aplicar no Brasil já não está tão
atraente. Loyola não diz qual o
piso, mas admite que, olhando
pelo lado do cupom, o BC perderá
graus de liberdade daqui para
frente. Quando a inflação era
muito alta, a política monetária
era ineficaz. Hoje, para atingir o
mesmo resultado ``exige-se menos
esforço em termos de taxas de juros e restrição ao crédito''. No entanto, Loyola acha que a política
monetária só será eficiente quando uma mexida nos juros de curto prazo não afetar os de longo
prazo. Para isso, seria preciso
uma estrutura muito mais clara
de juros futuros ascendentes e
prazos mais longos.
A chave da atuação do BC, de
todo modo, é a taxa de juros, diz
Loyola, e o indicador principal é
o nível de crescimento da economia. Ele acha que não há sinais
de que será preciso elevar os juros, por enquanto, por duas razões. Uma é a pobreza dos indicadores de conjuntura. Outra é a
forte disparidade no comportamento setorial: enquanto alguns
setores estão crescendo muito,
outros estão patinando.
Além disso, há o efeito estatístico. Os números hoje se comparam
a números muito baixos no ano
passado. Ele admite que, se o
mercado continuar a apostar em
juros crescentes, poderá generalizar a expectativa de uma redução
futura na economia e ajudar a
desacelerá-la. Sem nenhum empurrão do BC.
Brasil busca liras
A ida do presidente Fernando
Henrique à Itália coincidiu com
o pedido do BC, a várias instituições financeiras internacionais,
para cotarem um lançamento,
nas próximas semanas, de bônus
brasileiros no valor de 500 bilhões de liras italianas (mais de
US$ 300 milhões).
A novidade é o prazo. O Brasil
quer lançar papéis de 20 anos,
um recorde para a história do
país.
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