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NOVELA MINISTERIAL
Deputado do PP do Piauí e com relação de proximidade com o presidente da Câmara assumiria Comunicações
Dirceu confirma pasta a aliado de Severino
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro José Dirceu (Casa
Civil) confirmou ontem ao presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), que o ministro pepista deverá ser o deputado Ciro
Nogueira, do Piauí.
Antes de informar Severino, o
Palácio do Planalto já havia entrado em contato com o governador
do Piauí, Wellington Dias (PT),
para verificar se haveria algum
óbice em relação à nomeação de
Nogueira. Dias deu sinal verde.
Também foi derrubado ontem
um outro possível impedimento à
operação entre o PP e o governo.
O Planalto fez contato com a cúpula do PMDB, que aceitou a
transferência do atual ministro
das Comunicações, Eunício Oliveira, para outra pasta -possivelmente Integração Nacional.
Na conversa entre Dirceu e Severino, ficou acertado que o presidente da Câmara falaria ontem à
noite ou hoje durante o dia com o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva para selar o acordo.
Ciro Nogueira, de 36 anos, foi
escolha pessoal de Severino. O deputado ocupa a segunda vice-presidência da Mesa Diretora da Câmara, além de ser o corregedor da
Casa. Terá de se licenciar do posto
para assumir o ministério.
Na tarde de ontem, Severino foi
informado de que deputados do
PP ficaram insatisfeitos com a escolha. Entre os descontentes estavam o líder da bancada, José Janene (PR), e outros dois congressistas que eram cotados da sigla a
um ministério -João Pizzolatti
(SC) e Mário Negromonte (BA).
"Vai ter de ser o Ciro. Precisamos nos unir. Tinha uma lista de
nomes lá e o escolhido foi ele",
disse Severino aos colegas de partido. Coube a Janene a pacificação. No início da noite, Pizzolatti
já dava declarações mais amenas:
"Estou a serviço do partido. O que
a bancada decidir, eu acato".
Severino é devedor de Ciro
A escolha de Nogueira, se for
mesmo efetivada hoje, dará fim
ao conturbado processo para que
o PP entre no primeiro escalão da
gestão Lula. A sigla já tem alguns
cargos de menor importância.
Um desses indicados pelo PP é o
do diretor de Riscos de Propriedade do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil), Luiz Eduardo
Pereira de Lucena, que esteve cotado para ser ministro.
O Planalto analisou o nome de
Lucena no fim de semana. Concluiu que ele não atenderia a um
requisito fundamental: ter acesso
direto a Severino Cavalcanti.
Há dois motivos principais para
Lula atrair o PP para o governo.
Primeiro, amarrar a sigla para a
eleição presidencial de 2006. Segundo, ter uma relação azeitada
com o presidente da Câmara.
Por ser próximo de Severino, o
escolhido foi Nogueira. A proximidade cresceu na campanha pela presidência da Câmara. Severino estava reticente em disputar.
Convencimento
Quem o convenceu foi Nogueira, ao dizer o seguinte no final do
ano passado: "Severino, você tem
de disputar. Em último caso, se
não ganhar, eu me comprometo a
renunciar ao meu cargo de segundo-vice-presidente e você assume, pois a vaga pertence ao PP pela proporcionalidade. Assim, não
tem jeito de você ficar fora da Mesa Diretora".
Com a segurança de que não ficaria sem um cargo de direção,
Severino entrou na disputa, ganhou e ficou devedor de Nogueira. Agora, ao endossar o nome do
piauiense para o ministério de Lula, paga a dívida e abre um canal
direto com a administração federal petista.
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