São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NOVELA MINISTERIAL

Deputado do PP do Piauí e com relação de proximidade com o presidente da Câmara assumiria Comunicações

Dirceu confirma pasta a aliado de Severino

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro José Dirceu (Casa Civil) confirmou ontem ao presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), que o ministro pepista deverá ser o deputado Ciro Nogueira, do Piauí.
Antes de informar Severino, o Palácio do Planalto já havia entrado em contato com o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), para verificar se haveria algum óbice em relação à nomeação de Nogueira. Dias deu sinal verde.
Também foi derrubado ontem um outro possível impedimento à operação entre o PP e o governo. O Planalto fez contato com a cúpula do PMDB, que aceitou a transferência do atual ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, para outra pasta -possivelmente Integração Nacional.
Na conversa entre Dirceu e Severino, ficou acertado que o presidente da Câmara falaria ontem à noite ou hoje durante o dia com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para selar o acordo.
Ciro Nogueira, de 36 anos, foi escolha pessoal de Severino. O deputado ocupa a segunda vice-presidência da Mesa Diretora da Câmara, além de ser o corregedor da Casa. Terá de se licenciar do posto para assumir o ministério.
Na tarde de ontem, Severino foi informado de que deputados do PP ficaram insatisfeitos com a escolha. Entre os descontentes estavam o líder da bancada, José Janene (PR), e outros dois congressistas que eram cotados da sigla a um ministério -João Pizzolatti (SC) e Mário Negromonte (BA).
"Vai ter de ser o Ciro. Precisamos nos unir. Tinha uma lista de nomes lá e o escolhido foi ele", disse Severino aos colegas de partido. Coube a Janene a pacificação. No início da noite, Pizzolatti já dava declarações mais amenas: "Estou a serviço do partido. O que a bancada decidir, eu acato".

Severino é devedor de Ciro
A escolha de Nogueira, se for mesmo efetivada hoje, dará fim ao conturbado processo para que o PP entre no primeiro escalão da gestão Lula. A sigla já tem alguns cargos de menor importância.
Um desses indicados pelo PP é o do diretor de Riscos de Propriedade do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil), Luiz Eduardo Pereira de Lucena, que esteve cotado para ser ministro.
O Planalto analisou o nome de Lucena no fim de semana. Concluiu que ele não atenderia a um requisito fundamental: ter acesso direto a Severino Cavalcanti.
Há dois motivos principais para Lula atrair o PP para o governo. Primeiro, amarrar a sigla para a eleição presidencial de 2006. Segundo, ter uma relação azeitada com o presidente da Câmara.
Por ser próximo de Severino, o escolhido foi Nogueira. A proximidade cresceu na campanha pela presidência da Câmara. Severino estava reticente em disputar.

Convencimento
Quem o convenceu foi Nogueira, ao dizer o seguinte no final do ano passado: "Severino, você tem de disputar. Em último caso, se não ganhar, eu me comprometo a renunciar ao meu cargo de segundo-vice-presidente e você assume, pois a vaga pertence ao PP pela proporcionalidade. Assim, não tem jeito de você ficar fora da Mesa Diretora".
Com a segurança de que não ficaria sem um cargo de direção, Severino entrou na disputa, ganhou e ficou devedor de Nogueira. Agora, ao endossar o nome do piauiense para o ministério de Lula, paga a dívida e abre um canal direto com a administração federal petista.


Texto Anterior: Justiça: Hildebrando é condenado a mais 25 anos de prisão
Próximo Texto: Roseana é cotada para lugar de Aldo na Coordenação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.