São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2005

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Roseana é cotada para lugar de Aldo na Coordenação

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A senadora e ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney, que está de saída do PFL, partido de oposição, é cotada para ministra da Coordenação Política se fracassar a articulação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para dar a pasta ao PT.
Roseana já foi cotada para muitas pastas -Planejamento, Integração Nacional, Meio Ambiente e Cidades. Ontem, além da Coordenação Política, a pasta das Cidades, do petista Olívio Dutra, voltou a ser uma opção.
Ontem foi mais um dia de conversas no Planalto. O ministro Amir Lando (PMDB-RO), que será substituído na Previdência pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR), esteve reunido à noite com Lula. Lando pediu a audiência e foi encaixado na agenda do presidente. Esperou durante uma hora e conversou com Lula por 15 minutos. Lando teria dito que era impossível trabalhar com as notícias sobre sua saída e que seria bom o presidente decidir logo.

Razões
O Planalto passou a cogitar Roseana para a Coordenação Política por duas razões principais: há dificuldade no PT para chegar a um nome do partido e Roseana é uma ministeriável sem pasta. Um auxiliar de Lula disse à Folha que o presidente vai encaixá-la no primeiro escalão por último.
Até ontem, o principal problema para Lula bater o martelo no nome de Roseana era a possibilidade de o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) aceitar o cargo. Ele chegou a ser sondado, sob uma condição: desistir da candidatura do PT ao governo de São Paulo em favor do senador Aloizio Mercadante.
A João Paulo agrada assumir a Coordenação Política, mas ele não aceita abrir mão da candidatura em São Paulo.
Os contatos com Roseana vêm sendo feitos diretamente pelo ministro da Casa Civil, José Dirceu, e pelo próprio Mercadante. Ontem mesmo, Roseana e Mercadante conversaram a sós num canto do plenário do Senado.
João Paulo manteve contatos ontem com a família Sarney. Pela manhã, esteve na casa de Roseana. À tarde, ligou para o pai dela, o senador e ex-presidente do Senado José Sarney. Nenhum dos três revelou o teor das conversas.
No plenário do Senado, onde foi realizada ontem uma sessão de homenagem a Sarney pelos 20 anos da redemocratização do país, Roseana negava que tivesse tido convite para assumir um ministério. Ela, porém, cometeu um ato falho: "Eu não sou ministra ainda", disse. Os jornalistas riram.
O gesto de Lula, Dirceu e Mercadante de convidar Roseana para o governo tem sido bem-recebido pelo PT. Setores do partido, inclusive da cúpula, no entanto, reagiram mal ao saber ontem que havia a possibilidade de Roseana assumir uma área tão estratégica quanto a Coordenação Política.
Os petistas ouvidos pela Folha alegam que esse cargo cabe ao partido especialmente neste e no próximo ano, quando haverá eleições. O discurso para tirar o atual ministro Aldo Rebelo (PC do B) foi construído a partir da necessidade de o cargo ficar com o PT.
Aldo apoiou Lula desde o primeiro turno em 2002, mas seu partido tem só nove deputados. Essa bancada não justifica que a sigla tenha dois ministros -o outro é Agnelo Queiroz (Esportes).
No início da reforma, a idéia era tirar Queiroz e manter Aldo. Nenhum dos aliados quis Esportes, e o PT passou a exigir a Coordenação. Deputado federal eleito por São Paulo, ele pode voltar à Câmara como líder do governo ou virar ministro.


Colaboraram JULIA DUAILIBI E EDUARDO SCOLESE, da Sucursal de Brasília


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