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São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2003

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SEM CONSENSO

Pesquisa aponta que 57% dos empresários acham o governo bom

Fiesp diz que reforma de Lula "deixa a desejar"

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Horácio Lafer Piva, afirmou ontem que a proposta de reforma tributária do governo "deixa a desejar" e, se não for ampliada, será apenas um "avanço".
Ele cogitou, em entrevista na sede da entidade, a possibilidade de o texto da reforma ser apresentado ao Congresso somente do segundo semestre, e não neste mês, como quer o governo federal.
"Talvez nós devêssemos aproveitar esse cacife político [do presidente], insistir um pouco mais em uma proposta mais ampla e colocá-la no segundo semestre."
Piva comentava o resultado da pesquisa feita pela Fiesp em parceria com a FGV (Fundação Getúlio Vargas) segundo a qual 57% dos empresários entrevistados entre 18 e 26 de março último consideram o início do governo Luiz Inácio Lula da Silva bom.
Outros 3% acham que o governo é ótimo, 22% o consideram regular e 13% afirmam ser ele ruim. Apenas 4% avaliam como péssimo o início da gestão Lula.
Com base na pesquisa, o presidente da Fiesp disse que o governo deveria aproveitar o "bom momento" para aprofundar o debate em torno da reforma e ousar. "Não vamos nos enganar de que conseguiremos dar grandes saltos nos próximos anos em termos de reformas", afirmou o empresário.
Para Piva, da maneira como foi apresentada, a proposta "deixa de ser aquela reforma e torna-se um avanço simples". "Nós gostaríamos, por exemplo, de ter um IVA [Imposto sobre Valor Agregado] de base ampla, que incorporasse o setor de serviços", completou.
O empresário é um dos defensores da mudança do local de cobrança do ICMS -da origem para o destino-, proposta que deverá ficar fora da reforma petista.
Apesar das restrições quanto à amplitude das mudanças, o presidente da Fiesp reconheceu que, como está, a proposta tem mais chance de ser aprovada. "Não será a que desejaríamos, mas a chance de aprová-la é maior."
Segundo ele, a entidade vai esperar o texto chegar ao Congresso, se reposicionar e acionar sua base parlamentar para que ela seja votada com rapidez.
"Nós somos um órgão de pressão propositiva", disse ele, que faz parte do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), órgão que discutiu e referendou a proposta do governo Lula.

Confiança
A pesquisa divulgada ontem ouviu, por telefone, 401 empresários do Estado, tem margem de erro de cinco pontos percentuais e intervalo de confiança de 95%. Um dos itens questionava a expectativa quanto ao futuro do governo -11% disseram que ele será ótimo, 59% que será bom (queda de dez pontos percentuais em relação ao último levantamento, de dezembro) e 9% esperam um desempenho regular.
O percentual dos que prevêem um governo ruim ou péssima ficou em 20%. O otimismo diminui quando o assunto é retomada do crescimento: 56% dos entrevistados responderam que Lula não será capaz de obter um crescimento econômico expressivo.
Os empresários também foram questionados sobre a possibilidade de o governo aprovar as mudança na legislação fiscal: 82% afirmaram acreditar serem baixas (33%) ou muito baixas (49%) as chances de aprovação total.
O percentual dos que acreditam serem baixas ou muito baixas as chances de aprovação parcial da reforma tributária foi de 53%.


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