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SEM CONSENSO
Pesquisa aponta que 57% dos empresários acham o governo bom
Fiesp diz que reforma de Lula "deixa a desejar"
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo), Horácio Lafer Piva,
afirmou ontem que a proposta de
reforma tributária do governo
"deixa a desejar" e, se não for ampliada, será apenas um "avanço".
Ele cogitou, em entrevista na sede da entidade, a possibilidade de
o texto da reforma ser apresentado ao Congresso somente do segundo semestre, e não neste mês,
como quer o governo federal.
"Talvez nós devêssemos aproveitar esse cacife político [do presidente], insistir um pouco mais
em uma proposta mais ampla e
colocá-la no segundo semestre."
Piva comentava o resultado da
pesquisa feita pela Fiesp em parceria com a FGV (Fundação Getúlio Vargas) segundo a qual 57%
dos empresários entrevistados
entre 18 e 26 de março último
consideram o início do governo
Luiz Inácio Lula da Silva bom.
Outros 3% acham que o governo é ótimo, 22% o consideram regular e 13% afirmam ser ele ruim.
Apenas 4% avaliam como péssimo o início da gestão Lula.
Com base na pesquisa, o presidente da Fiesp disse que o governo deveria aproveitar o "bom
momento" para aprofundar o debate em torno da reforma e ousar.
"Não vamos nos enganar de que
conseguiremos dar grandes saltos
nos próximos anos em termos de
reformas", afirmou o empresário.
Para Piva, da maneira como foi
apresentada, a proposta "deixa de
ser aquela reforma e torna-se um
avanço simples". "Nós gostaríamos, por exemplo, de ter um IVA
[Imposto sobre Valor Agregado]
de base ampla, que incorporasse o
setor de serviços", completou.
O empresário é um dos defensores da mudança do local de cobrança do ICMS -da origem para o destino-, proposta que deverá ficar fora da reforma petista.
Apesar das restrições quanto à
amplitude das mudanças, o presidente da Fiesp reconheceu que,
como está, a proposta tem mais
chance de ser aprovada. "Não será a que desejaríamos, mas a
chance de aprová-la é maior."
Segundo ele, a entidade vai esperar o texto chegar ao Congresso, se reposicionar e acionar sua
base parlamentar para que ela seja votada com rapidez.
"Nós somos um órgão de pressão propositiva", disse ele, que faz
parte do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), órgão que discutiu e referendou a proposta do governo Lula.
Confiança
A pesquisa divulgada ontem
ouviu, por telefone, 401 empresários do Estado, tem margem de
erro de cinco pontos percentuais
e intervalo de confiança de 95%.
Um dos itens questionava a expectativa quanto ao futuro do governo -11% disseram que ele será ótimo, 59% que será bom (queda de dez pontos percentuais em
relação ao último levantamento,
de dezembro) e 9% esperam um
desempenho regular.
O percentual dos que prevêem
um governo ruim ou péssima ficou em 20%. O otimismo diminui
quando o assunto é retomada do
crescimento: 56% dos entrevistados responderam que Lula não
será capaz de obter um crescimento econômico expressivo.
Os empresários também foram
questionados sobre a possibilidade de o governo aprovar as mudança na legislação fiscal: 82%
afirmaram acreditar serem baixas
(33%) ou muito baixas (49%) as
chances de aprovação total.
O percentual dos que acreditam
serem baixas ou muito baixas as
chances de aprovação parcial da
reforma tributária foi de 53%.
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