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PREVIDÊNCIA
Ministro diz estar convencido de que cobrança é viável juridicamente
Para Berzoini, taxação de inativos é constitucional
JULIANNA SOFIA
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressionado por alguns Estados
e convencido pelo ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), o governo vai propor na reunião de
hoje com os governadores a taxação dos servidores públicos já
aposentados.
A proposta chegará ao Congresso Nacional com uma margem de
negociação para que apenas as
aposentadorias acima do futuro
teto dos benefícios, de R$ 2.400,
sejam taxadas. O alvo da proposta
seria uma minoria mais bem remunerada dos inativos.
Até a semana passada, o ministro Ricardo Berzoini (Previdência) vinha declarando que havia dúvidas sobre a viabilidade jurídica da cobrança dos atuais inativos. Na quinta, em encontro com
cinco governadores, ele apresentou um documento com a proposta do governo para a reforma.
O texto não incluía a cobrança
dos atuais aposentados, mas previa a taxação de futuros inativos.
A cobrança de contribuição
previdenciária de servidores aposentados também foi proposta
mais de uma vez pelo governo
FHC, mas sofreu resistências políticas e jurídicas. Chegou a ser suspensa pelo Supremo Tribunal Federal. A Folha apurou que o ministro Berzoini deverá apresentar no encontro duas alternativas legais para a cobrança.
"Conversamos com vários juristas, assessorias jurídicas de ministérios, governadores e prefeitos. Estamos convencidos de que
[a cobrança dos atuais inativos] é
viável, cabe no sistema constitucional", disse ontem o ministro,
após participar de debate sobre a
reforma da Previdência com a
bancada do PSB na Câmara.
Na reunião com os governadores, Berzoini afirmará que uma
saída para a taxação dos atuais
inativos é simplesmente estender
a mesma contribuição previdenciária dos ativos aos já aposentados. No caso da União, isso significa cobrar dos aposentados 11%.
A segunda hipótese consiste em
cobrar uma alíquota menor dos
atuais inativos com o argumento
de que a contribuição financiará o
pagamento das pensões a seus beneficiários. Mas as centrais sindicais querem, e o CDES (Conselho
de Desenvolvimento Econômico
e Social) já recomendou que o governo taxe os inativos acima de
um determinado teto de benefício. A idéia é preservar os aposentados que ganham menos.
O Ministério da Previdência
avalia que cerca de 40% dos inativos da União têm benefícios abaixo do teto. A cobrança de 11% sobre o salário dos atuais inativos
gerará arrecadação de cerca de R$
1 bilhão para o governo federal.
Não há cálculos precisos sobre o
impacto nas contas de Estados e
municípios. A cobrança de contribuição dos inativos teria ficado
de fora da reforma da Previdência
se dependesse só da opinião inicial de Berzoini e sua equipe. A
cobrança voltou à agenda do governo no documento sobre a nova política econômica divulgado
por Palocci na quinta passada.
Para quem se aposentar após a
aprovação da reforma, o governo
passará a calcular os benefícios
com base no valor líquido do salário. Junto com o aumento da idade mínima e do tempo de serviço
exigido para a aposentadoria, o
mecanismo resultaria em economia de R$ 1,7 bilhão já em 2004.
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