|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RS
Problema viria da formação da base
Para petista, corrupção mantém governo FHC
ROBERTO COSSO
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
O prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro (PT), disse ontem que a
governabilidade do Brasil, na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, é sustentada pela
corrupção na política.
Ele participou do seminário
"Ilícitos do Colarinho Branco",
promovido pela Escola de Magistratura Federal, pela OAB-RS e
pela PUC-RS, em Porto Alegre.
Para ele, "a busca de envolvimento pessoal do presidente em
atos de corrupção", que estaria
sendo feita pela oposição, "é irrelevante". "O importante é saber se
as reformas promovidas pelo governo seriam possíveis sem a corrupção. Sustento que não."
Segundo o petista, todas as
grandes reformas feitas pelo governo FHC só foram aprovadas
com atos de corrupção ou permissão para práticas corruptas.
Ele diz que, sem a corrupção,
FHC não seria o presidente hoje,
já que alguns dos votos de deputados a favor da emenda que permitiu a reeleição foram comprados, como a Folha revelou em 97.
A privatização da Telebrás, a
maior desestatização promovida
pelo governo, também teria sido
marcada pela corrupção, segundo
Tarso. Em 99, foi revelado o conteúdo de gravações telefônicas
clandestinas, que sugerem a participação de FHC numa operação
para favorecer empresas no leilão.
Tarso diz que a formação da base governista no Congresso se deu
com a distribuição do controle de
órgãos federais que propiciaram a
exploração da corrupção, como a
Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia),
que era controlada pelo senador
Jarder Barbalho (PMDB-PA).
O último exemplo dado por
Tarso é a liberação de R$ 77 milhões, ocorrida na semana passada, para projetos de deputados
em troca da retirada das assinaturas deles do requerimento de instalação da CPI da corrupção.
"Ao conseguir o arquivamento
da CPI, o presidente FHC perdeu
uma grande oportunidade de selar sua biografia", disse Tarso. "O
problema do país é mais grave do
que os jornais mostram".
Tarso almoçou com o juiz espanhol Baltasar Garzón, responsável pelo pedido de extradição do
ex-ditador chileno Augusto Pinochet ao Reino Unido. Falaram sobre a corrupção política. Para eles,
o financiamento privado de campanhas incentiva a corrupção.
Garzón aceitou convite para
participar da próxima edição do
Fórum Social Mundial, em Porto
Alegre, em janeiro próximo.
Texto Anterior: Encontro vermelho: China é exemplo de soberania, diz Lula Próximo Texto: Multimídia: Revista vê benefício numa possível CPI Índice
|