São Paulo, sábado, 16 de maio de 1998

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PROTESTO
Entidade realizará ato contra administração de FHC no dia 20 em Brasília e cadastrará desempregados
CUT planeja invasão de sedes de governo

PATRÍCIA ANDRADE
da Reportagem Local

A CUT (Central Única dos Trabalhadores) vai desencadear uma onda de protestos contra o governo Fernando Henrique Cardoso a partir do dia 20 deste mês.
Um dos planos é espalhar postos de cadastramento de desempregados nas principais cidades brasileiras. O objetivo é mobilizá-los para a participação em manifestações públicas contra a política econômica do governo. Entre os atos previstos pela CUT, estão a invasão de palácios de governos estaduais, cercos a prefeituras e acampamentos em praças públicas.
A central quer instalar um desses centros de cadastramento em frente à sede da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), na avenida paulista, coração financeiro da cidade. "Será um gesto simbólico", diz o presidente da CUT-SP, José Lopez Feijó.
"Queremos acordar o governo e a sociedade para o problema do desemprego e da fome. Só vamos conseguir chamar a atenção por meio de manifestações nas ruas", acredita o secretário-geral da CUT nacional, João Antonio Felício.

Brasília
A largada para a série de protestos contra o governo vai ser dada na próxima quarta-feira, dia 20.
Uma manifestação - organizada pela CUT, em conjunto com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), CMP (Central de Movimentos Populares) e MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) - pretende reunir pelo menos 30 mil pessoas em Brasília.
Os manifestantes chegarão à capital em cinco caravanas de ônibus que saíram de todas as regiões do Brasil no dia 10 deste mês.
Além dessas caravanas, desembarcarão em Brasília cerca de dois mil desempregados. A CUT calcula ainda que apenas de São Paulo partirão mais de cem ônibus.
Segundo dados da CMP, pelo menos 36 ônibus com manifestantes ligados aos movimentos populares também chegarão à capital.
A partir do dia 17 serão organizados acampamentos de sem-teto, sem-terra e desempregados em uma área próxima à Esplanada dos Ministérios.
No dia 18, o grupo encaminhará ao Ministério Público denúncias contra o governo do presidente Fernando Henrique.
O protesto da quarta-feira será iniciado com um debate sobre cidadania na Esplanada. Em seguida, os manifestantes caminharão até o local -ainda não definido- onde será realizado um ato, às 17h, com a presença de líderes do MST, CMP, CUT e partidos de esquerda.
Segundo a central, já estão confirmadas as presenças de Vicente Paulo da Silva, presidente da entidade, Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT à Presidência da República, e João Pedro Stedile, da direção nacional do MST.
Para o dia 21, o grupo programa a entrega de uma pauta de reivindicações contra o desemprego ao presidente. Um pedido de audiência foi encaminhado na quarta-feira ao Palácio do Planalto.
Os dirigentes da CUT esperam que o ato em Brasília tenha impacto semelhante ao da chegada da marcha dos sem-terra em 17 de abril do ano passado.
A expectativa da entidade é de que esse ato seja o maior protesto contra o governo FHC até agora e que, de quebra, consiga animar os militantes para outras atividades.
"Estamos certos de que essa manifestação vai alavancar outros protestos. Estamos fazendo nossas lutas independentemente de ser ano eleitoral. Azar do governo se é ano eleitoral", diz Feijóo.

Cartilhas
Além dos protestos, a CUT começará a distribuir, no final de junho, 20 milhões de cartilhas para os trabalhadores. Esses folhetos vão trazer os perfis dos deputados federais e senadores, revelando como cada um deles votou no Congresso.


Colaborou Patricia Zorzan, da Reportagem Local


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