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PROTESTO
"Se a Justiça entender que você pode incitar a violência, o problema é da Justiça, não é nosso", diz ministro
Calheiros reage à decisão sobre Stedile
CLÁUDIA TREVISAN
da Reportagem Local
O ministro da
Justiça, Renan
Calheiros, reagiu ontem à decisão de um juiz
do Rio de Janeiro de negar o
pedido de prisão preventiva do líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)
João Pedro Stedile.
"Se a Justiça entender que você
pode fazer vigília em frente a supermercados, se a Justiça entender
que você pode incitar a violência,
se a Justiça entender que você pode fazer saques violentos, o problema é da Justiça, não é nosso",
afirmou Calheiros, minutos depois de ressaltar que a independência entre os Poderes é a "mais
bela" construção da democracia.
Estratégia mantida
Apesar da derrota que sofreu no
Judiciário, o ministro disse que o
governo manterá a mesma estratégia em relação a outras pessoas
que supostamente incitem a prática de crimes federais -como saques a armazéns da União.
"O governo vai fazer o que for
preciso: pedir abertura de inquérito para definir responsabilidades
e, em havendo responsabilidade,
pedir a prisão", observou.
Segundo ele, a decisão final sobre a prisão vai depender "fundamentalmente" da Justiça.
Para Calheiros, ao pedir a prisão
de Stedile, o governo reagiu contra
a manipulação política da fome
provocada pela seca. "Não vamos
admitir manipulação política da
seca e da fome no Nordeste."
As declarações foram dadas em
entrevista no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista,
onde o ministro assinou convênio
para construção de presídios.
Calheiros voltou a dizer que o
governo dispõe de levantamentos
que mostram a rejeição da opinião
pública "aos saques e à apologia
da violência".
O governador Mário Covas afirmou que está preocupado com a
possibilidade de radicalização dos
movimentos sociais: "Essas coisas a gente sabe como começam,
mas não sabe como terminam".
Reação
Covas acrescentou que o governo tentará impedir qualquer tentativa de saques no Estado de São
Paulo. Mas lembrou que o país vive em um regime democrático, no
qual não pode haver repressão a
manifestações pacíficas.
Segundo ele, esse foi o caráter da
manifestação organizada pela
CUT anteontem em alguns supermercados de São Paulo.
O governador disse que discutiu
"genericamente" com o ministro
Calheiros o problema da ameaça
de saques no Estado. Covas afirmou que esse é um problema nacional e que tem dimensões maiores em outros Estados.
Covas afirmou que a sociedade
tem "total autonomia" para se
manifestar, especialmente quando
se trata de emprego, uma das principais reivindicações da CUT.
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