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Para o líder sem terra, decisão mostra independência do Judiciário
Stedile comemora negação de
pedido de prisão preventiva
RODRIGO AMARAL
enviado especial a Viena
O economista João Pedro Stedile, líder do MST, comemorou
ontem a negação do pedido de
prisão preventiva feito pela Polícia Federal por suposta incitação aos saques no Nordeste.
"Fico contente porque isso
mostra que o Judiciário está recuperando sua independência
em relação ao Executivo."
Stedile disse que o inquérito
que deu origem ao pedido "é
uma vergonha para o governo
Fernando Henrique Cardoso" e
se disse vítima de perseguição
política. Segundo ele, o que o
governo está tentando é desviar
a atenção da opinião pública
dos problemas sociais do país.
O pedido de prisão preventiva, feito pelo delegado Antônio
Carlos Rayol, da Superintendência da PF do Rio, foi negado
pelo juiz Abel Fernandes Gomes, da 4ª Vara Federal, anteontem. "O que o MST disse
aos sertanejos foi: "Vocês têm o
direito de saquear', mas não organizou nada", disse Stedile.
Para ele os saques são "uma
questão humanitária".
Em 5 de maio, Stedile afirmou
que "até Sérgio Motta, lá do inferno, deve estar a favor dos saques". Ontem, disse que fez a
declaração porque Motta, certa
vez, afirmou que o povo deveria
apedrejar seus exploradores, referindo-se aos problemas para
obter uma linha telefônica.
"Por que o governo não processou o Motta?", perguntou.
Ele também defendeu a realização de piquetes em frente aos
supermercados como ocorreu
em São Paulo. "Tomara que os
desempregados se organizem e
se manifestem, porque senão a
opção é a marginalidade, o aumento do roubo e do tráfico de
drogas." Segundo ele, "se o governo não distribuir comida, os
saques vão continuar."
Ele atacou também a reunião
realizada pelo governo, na última sexta-feira, com banqueiros
estrangeiros em busca de US$ 2
bilhões para o setor de turismo
nordestino. "Isso, em plena
época de seca, é escárnio, é provocação. Turismo em regiões
não desenvolvidas só traz prostituição para os pobres."
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