São Paulo, domingo, 16 de junho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Com Duda Mendonça, prefeita tenta melhorar imagem da gestão

Marta monta megaoperação para mostrar SP e ajudar Lula

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Com o apoio do marqueteiro Duda Mendonça, gastos com publicidade de R$ 38,5 milhões e um salto de 107 mil para 300 mil no número de famílias beneficiadas com programas sociais, a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), monta uma megaoperação para melhorar a imagem administrativa e ajudar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva.
A região metropolitana de São Paulo, cuja principal cidade é administrada pelo PT, resiste mais a Lula do que a média nacional. Os beneficiários dessa resistência, atestam as pesquisas de intenção de voto, são José Serra (PSDB) e Anthony Garotinho (PSB).
Em maio, o petista liderava na região metropolitana com a preferência de 34% do eleitorado, nove pontos percentuais a menos do que tinha na média de todo o país.
Sua rejeição na capital foi oito pontos maior do que na média nacional, que é de 27%, segundo pesquisa do Datafolha. Da equipe de coordenadores da campanha presidencial do PT, a prefeita conta com a colaboração de Duda Mendonça, que dirige o marketing do candidato Lula.
Além de levar aos programas eleitorais do partido as realizações da prefeitura, o marqueteiro tem aconselhado, segundo apurou a Folha, a linha de anúncios do poder municipal. O mote "fazendo e mostrando", que lembra a propaganda da gestão malufista com assinatura do mesmo Mendonça, é resultado desses conselhos.
A verba publicitária da prefeitura está em sintonia com o ano eleitoral. Até anteontem, a gestão do PT já havia consumido R$ 21,2 milhões no setor, segundo números do Serviço de Execução Orçamentária revelados pela assessoria econômica do vereador Roberto Trípoli (PSDB).
Até o final deste ano, o município vai gastar pelo menos R$ 38,5 milhões, conforme orçamento inicial que já sofreu alterações. Durante todo o ano passado, a despesa com propaganda foi de R$ 24,1 milhões, descontando a dívida de R$ 5,8 milhões que a prefeitura pagou da administração de Celso Pitta (PTN).
O antecessor de Marta era mais econômico nesse tipo de gasto. Em 2000, destinou R$ 13,8 milhões para a área publicitária.

Guerra do social
Na guerra do "tudo pelo social" com o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, cujo trunfo eleitoral é o "Cartão do Cidadão", lançado recentemente para ajudar a campanha de José Serra, a Prefeitura de São Paulo conta com o aumento de famílias cadastradas em programas sociais -de 107 mil no ano passado para 300 mil.
A prefeitura vai explorar a vantagem dos seus programas sociais em comparação com a administração federal. O projeto de renda mínima de São Paulo paga uma bolsa de até R$ 220 (em média, R$ 117) para cada família, enquanto o governo federal remunera com R$ 15 o Bolsa-Renda, o Bolsa-Escola e o Auxílio-Gás.
Os programas implantados pelo secretário municipal do Trabalho, Marcio Pochmann, estão entre os atrativos eleitos por Duda Mendonça para a publicidade de Lula no horário eleitoral gratuito, que vai ao ar a partir do dia 20 de agosto no rádio e na televisão.
O marqueteiro também deve usar as obras da gestão de Marta Suplicy para mostrar o que é chamado nos bastidores da campanha de "o PT que faz".
Nesse pacote devem entrar três piscinões -obras contra enchentes que já foram "estrelas" da gestão de Paulo Maluf- e os "escolões", como foram rotuladas as escolas equipadas com centros esportivos e culturais que serão construídas na periferia.
Essas obras, no entanto, enfrentam contestações do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo) na Justiça. Para os empreiteiros, a licitação restringe a concorrência pública a poucos participantes.



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