São Paulo, domingo, 16 de junho de 2002

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CONVENÇÃO PSDB

Campanha de tucano investirá agora no Nordeste, região em que a candidatura governista é mais vulnerável

PSDB oficializa Serra em ritmo de forró

RAYMUNDO COSTA
LUIZA DAMÉ
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após intensa disputa interna, o PSDB realizou ontem sua convenção nacional para oficializar a candidatura de José Serra à Presidência. Votaram 447 dos 800 convencionais. Do total, 440 votaram a favor da candidatura de José Serra, 433 disseram sim à coligação com o PMDB e 427 foram a favor da indicação de Rita Camata para vice.
Em discurso, o presidente FHC disse que "mudança com firmeza e segurança se chama José Serra".
O evento ocorreu em ritmo de forró. Não foi por acaso: o tucano começará a campanha por Pernambuco, Estado no qual quatro dos cinco partidos governistas, PSDB, PMDB, PFL e PPB, estão juntos na eleição.
O Nordeste também é a região em que a candidatura Serra é mais vulnerável, de acordo com as pesquisas. Serra ainda espera juntar esses partidos na maioria dos Estados. Ele estima que já dispõe do apoio informal de mais de 70% do PFL, apesar de o presidente do partido, senador licenciado Jorge Bornhausen (SC), contestar esse percentual.
Se for para o segundo turno com o petista Luiz Inácio Lula da Silva, o tucano tem como certa a adesão de todo o PFL. "Estamos construindo a convergência em torno de uma candidatura e a maioria para governar", afirmou o presidente do PSDB, deputado José Aníbal (SP).
Ainda na condição de pré-candidato, Serra chegou à convenção às 12h13, acompanhado da mulher, Mônica. Uma cena rara. Discreta, ela não costuma participar de eventos políticos. O presidente Fernando Henrique Cardoso chegou logo depois com a mulher, Ruth. A viúva do ministro Sérgio Motta, Wilma, ganhou lugar de destaque no palanque.
Cerca de 10 mil pessoas, entre convencionais e militantes, participaram da convenção tucana. Além do show de forró do grupo "Falamansa", que abriu a parte festiva, houve ainda apresentações dos sertanejos Leonardo e da dupla Pedro e Tiago. A convenção também reuniu antigos ministros do governo FHC.
O ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas, em franca ofensiva contra o Ministério Público Federal, que tenta acusá-lo de tráfico de influência, circulava com desenvoltura entre os convencionais. Clóvis Carvalho, ex-chefe da Casa Civil, também apareceu, assim como antigos desafetos políticos de Serra, como o ministro Paulo Renato Souza (Educação) e o ex-governador do Ceará Tasso Jereissati.
"O partido chega unido em torno de Serra. É o melhor candidato. Tem conhecimento de economia e sensibilidade social", disse Paulo Renato. "Agora é hora de o Serra ir para a rua fazer campanha. Vou me empenhar na campanha", afirmou Tasso.
Embora o comando de campanha de Serra não conte com o empenho de Tasso no Ceará, por acreditar que ele apoiará o amigo Ciro Gomes (PPS), o ex-governador fez juras de fidelidade ao candidato do PSDB: "O partido está coeso em torno de Serra. Divergências fazem parte do processo eleitoral, da democracia". "A partir da convenção nós estamos entrando em guerra", afirmou.
Os tucanos fizeram sua convenção no ginásio Nilson Nelson, no lado oeste de Brasília, mas estavam com as atenções todas voltadas para o lado leste, no Congresso, onde o PMDB também estava reunido para homologar a aliança entre as duas siglas, tendo a deputada federal Rita Camata (ES) como candidata a vice.
O discurso do tucano paulista João Câmara causou constrangimento na cúpula do PSDB. Ele criticou o eventual acordo do PSDB do Maranhão com a família Sarney e apresentou uma moção contra a negociação. "O Sarney [ex-presidente José Sarney" coloca o filho [deputado Sarney Filho" para fazer o meio de campo e fica negociando por baixo dos panos com os dissidentes do PMDB."



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