São Paulo, domingo, 16 de junho de 2002

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Evento havia sido suspenso a pedido dos oposicionistas do partido

Cúpula do PMDB derruba liminar e faz convenção

SILVANA DE FREITAS
KENNEDY ALENCAR

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ala governista do PMDB conseguiu realizar ontem a convenção nacional do partido, após ela ficar cinco horas suspensa na madrugada, em razão de liminar obtida no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pelo grupo oposicionista. O encontro foi marcado por tumultos (leia texto abaixo).
Sob pressão da liminar, concedida pelo ministro Sálvio de Figueiredo por volta da meia-noite, a cúpula do PMDB decidiu incluir na cédula de votação a opção de registro da candidatura do senador Roberto Requião (PR) à Presidência, reivindicada pelos dissidentes peemedebistas.
Esse gesto político facilitou a obtenção, às 5h, de uma nova decisão do TSE, desta vez de seu presidente, ministro Nelson Jobim, ex-peemedebista e amigo do presidenciável do governo, José Serra (PSDB).
Jobim cassou a liminar do colega e permitiu que os peemedebistas se reunissem das 9h às 17h no auditório Petrônio Portela, no Senado. A votação começou às 9h15 e não havia acabado até a conclusão desta edição.
A proposta de candidatura própria, com a chapa Requião e Alda Marco Antonio (SP) para vice, foi lançada na última quarta-feira como tentativa da ala dissidente de evitar a coligação em apoio a Serra. Só anteontem, a Executiva Nacional do PMDB aceitou incluir esse tema na pauta.
Ainda assim, até a madrugada de ontem, os governistas queriam que a cédula trouxesse uma única pergunta, que trataria da coligação PMDB-PSDB com a indicação da peemedebista Rita Camata para vice. Na sua versão final, foi inserida uma segunda opção: a chapa Requião-Alda.
"A inclusão [dessa candidatura" foi uma decisão política para mostrar que a maioria quer a coligação", disse o presidente do PMDB, Michel Temer (SP).
A expectativa do grupo governista era que, realizada a convenção, a aliança com o tucano fosse aprovada por 502 dos 694 votos, o que representaria a obtenção de apoio de 72,3% dos convencionais. Na contabilidade de Temer, haveria no mínimo 68,5% dos votos pela aliança.

Guerra de liminares Requião chegou à convenção ontem pela manhã anunciando que entraria com recurso no STF (Supremo Tribunal Federal) contra a liminar de Jobim e a ironizou. "Com a decisão dele, fica para os brasileiros a certeza de que a nossa Justiça trabalha à noite." A ala dissidente também pode tentar anular a convenção do PMDB no Tribunal Superior Eleitoral.
Requião também considerou insuficiente a mudança de última hora na cédula. Disse que, apesar de incluir o registro de sua candidatura, não colocou uma terceira opção aos convencionais, que seria não fazer coligação na eleição presidencial para ficar livre nas alianças estaduais.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) afirmou que a alteração assegurou uma forma democrática de consulta, mas previu derrota da oposição.
"Quando o presidente Fernando Henrique Cardoso entra, ganha fácil", afirmou Simon em referência aos acordos entre o governo e a cúpula do partido para conseguir os votos necessários na convenção.
Durante a madrugada, Temer recebeu outros membros do grupo governista em sua casa para decidir a estratégia diante da liminar obtida pelos oposicionistas.
Às 3h, os advogados do partido levaram à casa do ministro Nelson Jobim recurso contra a liminar de Figueiredo.
Em sua decisão, o presidente do TSE entendeu que estavam preservados os direitos de Requião de ter o registro de sua candidatura apreciado pelo partido.
Jobim também concordou com o argumento de que a ordem de Sálvio de Figueiredo de publicação de novo edital, pelo menos oito dias antes da nova convenção, comprometeria a realização até 30 de junho, o prazo final, das convenções estaduais, que são posteriores à nacional.



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