São Paulo, domingo, 16 de junho de 2002

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Estudantes brigam com seguranças

LUCIO VAZ
KENNEDY ALENCAR

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A convenção do PMDB foi marcada por tumultos. Às 13h, cerca de 200 manifestantes invadiram o plenário onde acontecia o evento.
O secretário-geral do partido, Renato Viana, decidiu suspender temporariamente a convenção após o tumulto, que teve brigas com socos e pontapés entre seguranças e manifestantes.
A maioria dos manifestantes era composta de de estudantes secundaristas da UBES. Às 13h30, a convenção recomeçou, após a formação de um cordão de isolamento entre os manifestantes e os convencionais. Manifestantes chegaram a pegar pedaços de mármore, que eram usados como peso para segurar balões, e ameaçaram jogar nos seguranças.
Os transtornos começaram ainda antes da invasão dos estudantes, durante discurso da deputada Rita Camata (ES), 41. Rita teve de abandonar pela metade o discurso elaborado com a ajuda de publicitários, no qual usou o bordão serrista "casa arrumada" para se referir ao legado do governo Fernando Henrique Cardoso, e falou de improviso para acabar com as hostilidades ao seu pronunciamento. Ela respondeu firmemente aos ataques.
Rita reafirmou os votos que deu contra alguns projetos do governo nos últimos sete anos. Foi vaiada e chamada de traidora. Depois, lembrou as 16 leis que aprovou no Congresso, todas na área social. Em seguida, explicou por que está apoiando Serra.
"Primeiro, porque eu reconheço que houve avanços importantes que devem ser mantidos e ampliados. Na área econômica, a derrota da inflação será lembrada nos livros de história como uma das grandes vitórias do Brasil no final do século 20", disse, acrescentando de improviso que "a casa está arrumada". Um militante ironizou: "Só se for a sua casa".
Rita acrescentou em seguida: área social, houve avanços igualmente importantes, embora ainda haja muito o que fazer". Disse que os avanços na área social credenciam Serra como candidato a presidente.
A partir desse momento, a deputada teve de improvisar o discurso para dar respostas aos militantes. Não pôde fazer os agradecimento finais à família e ao marido, o senador Gerson Camata (PMDB-ES). "Gerson, você é o meu herói", previa o discurso.
"Serra ladrão" e "traidora" foram as palavras de ordem mais usadas pelos militantes contrários à coligação com o PSDB. Esse primeiros manifestantes eram um grupo de poucos delegados do MR-8, a maioria deles senhores de cabelos grisalhos que entoavam slogans antigos, como "Fora daqui o FMI".
Os ataques políticos mais duros a FHC e a Serra foram feitos pelo senador Roberto Requião (PR), que apresentou o seu nome como candidato ao Planalto.
Requião ironizou o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Nelson Jobim, que cassou, na madrugada de ontem, uma liminar que suspendia a convenção do partido. "Parabéns ministro Nelson Jobim, estou orgulhoso das suas noites insones e das suas decisões duras".
Requião iniciou o seu discurso afirmando que o Brasil caminha "no fio da navalha, oscilando entre a possibilidade de um país justo, próspero e feliz e o pesadelo argentino". Mas logo atacou a tese da coligação: "Não viemos aqui fazer uma troca. Estamos aqui para protagonizar acontecimentos e não para desempenhar um ridículo papel de coadjuvante".
"Que alguns peemedebistas sejam entusiastas do modelo neoliberal, tudo bem. Mas querer levar todo o partido para abraçar-se ao modelo que se afoga, não vamos permitir", acrescentou.
Após falar dos elevados índices de desemprego, do achatamento salarial, e de outras obras atribuídas ao governo FHC, Requião perguntou: "Companheiros, que estamos fazendo pretendendo apoiar o candidato que se proclama o continuador dessa obra?".



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