São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 2005

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Deputado não depõe na Corregedoria, que convida ministros e cúpula do PT

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dia depois do depoimento de Roberto Jefferson (PTB-RJ) no Conselho de Ética da Câmara, a Corregedoria da Casa iniciou sua investigação paralela com um fiasco -Jefferson não apareceu para depor- e com uma ação: aprovou 41 requerimentos convidando pessoas para prestar depoimento, entre elas os ministros José Dirceu (Casa Civil), Aldo Rebelo (Coordenação Política), Walfrido Mares Guia (Turismo) e Ciro Gomes (Integração Nacional). Os convidados não são obrigados a comparecer.
Argumentando estar cansado depois de depor por quase sete horas anteontem, Jefferson avisou que não iria. Com isso, a corregedoria vai até o apartamento dele, provavelmente na semana que vem, para ouvi-lo.
Os cinco integrantes da comissão de sindicância montada pela corregedoria aprovaram requerimentos convidando, além dos ministros, deputados do PP e do PL citados por Jefferson como integrantes do suposto esquema do "mensalão", a diretoria exonerada dos Correios e a cúpula do PT -o presidente José Genoino, o tesoureiro Delúbio Soares e o secretário-geral Sílvio Pereira.
Além disso, foram chamadas outras pessoas envolvidas com os dois escândalos que resultaram na maior crise do atual governo -o suposto pagamento de mesada pelo PT a deputados do PP e do PL e a acusação de que o PTB comandaria um esquema de corrupção nos Correios.
Ontem, a corregedoria começou a ouvir deputados, mas não revelou os nomes dos que estavam prestando depoimentos.
"O inquérito maior é contra os outros parlamentares. O Conselho de Ética investiga o Jefferson, nós estamos atrás dos outros parlamentares", afirmou o corregedor Ciro Nogueira (PP-PI). "Vamos investigar todas as denúncias que o Jefferson fez e todas as que foram feitas contra ele", disse o relator Robson Tuma (PFL-SP).

Conselho
Um dia depois de ouvir Jefferson, o Conselho de Ética também deve aprovar hoje dezenas de requerimentos para ouvir pessoas relacionadas ao caso. Eram 43 até as 17h de ontem.
A avaliação de integrantes do Conselho é que Jefferson, embora tenha feito um relato contundente, assumiu ações que, baseadas apenas em seu próprio depoimento, configurariam quebra do decoro parlamentar.
A principal delas é a de que mentiu no episódio em que teria recebido R$ 4 milhões do PT para distribuir a candidatos do PTB às eleições municipais, em 2004.
Além de a transação não ter sido declarada à Justiça Eleitoral, Jefferson negou a negociação por um longo tempo -no depoimento, argumentou que mentiu para preservar a candidata à reeleição em São Paulo Marta Suplicy, que sofreria desgaste político caso a transação viesse a público naquele momento.
Outro fator que pesa contra ele é o fato de admitir que indicações feitas pelo PTB para estatais tinham a missão de arrecadar doações para o partido e que Lídio Duarte, ex-presidente do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil), falhara nessa missão.


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