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Deputado não depõe na Corregedoria,
que convida ministros e cúpula do PT
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois do depoimento
de Roberto Jefferson (PTB-RJ) no
Conselho de Ética da Câmara, a
Corregedoria da Casa iniciou sua
investigação paralela com um
fiasco -Jefferson não apareceu
para depor- e com uma ação:
aprovou 41 requerimentos convidando pessoas para prestar depoimento, entre elas os ministros
José Dirceu (Casa Civil), Aldo Rebelo (Coordenação Política),
Walfrido Mares Guia (Turismo) e
Ciro Gomes (Integração Nacional). Os convidados não são obrigados a comparecer.
Argumentando estar cansado
depois de depor por quase sete
horas anteontem, Jefferson avisou que não iria. Com isso, a corregedoria vai até o apartamento
dele, provavelmente na semana
que vem, para ouvi-lo.
Os cinco integrantes da comissão de sindicância montada pela
corregedoria aprovaram requerimentos convidando, além dos
ministros, deputados do PP e do
PL citados por Jefferson como integrantes do suposto esquema do
"mensalão", a diretoria exonerada dos Correios e a cúpula do PT
-o presidente José Genoino, o
tesoureiro Delúbio Soares e o secretário-geral Sílvio Pereira.
Além disso, foram chamadas
outras pessoas envolvidas com os
dois escândalos que resultaram
na maior crise do atual governo
-o suposto pagamento de mesada pelo PT a deputados do PP e do
PL e a acusação de que o PTB comandaria um esquema de corrupção nos Correios.
Ontem, a corregedoria começou a ouvir deputados, mas não
revelou os nomes dos que estavam prestando depoimentos.
"O inquérito maior é contra os
outros parlamentares. O Conselho de Ética investiga o Jefferson,
nós estamos atrás dos outros parlamentares", afirmou o corregedor Ciro Nogueira (PP-PI). "Vamos investigar todas as denúncias
que o Jefferson fez e todas as que
foram feitas contra ele", disse o
relator Robson Tuma (PFL-SP).
Conselho
Um dia depois de ouvir Jefferson, o Conselho de Ética também
deve aprovar hoje dezenas de requerimentos para ouvir pessoas
relacionadas ao caso. Eram 43 até
as 17h de ontem.
A avaliação de integrantes do
Conselho é que Jefferson, embora
tenha feito um relato contundente, assumiu ações que, baseadas
apenas em seu próprio depoimento, configurariam quebra do
decoro parlamentar.
A principal delas é a de que
mentiu no episódio em que teria
recebido R$ 4 milhões do PT para
distribuir a candidatos do PTB às
eleições municipais, em 2004.
Além de a transação não ter sido
declarada à Justiça Eleitoral, Jefferson negou a negociação por
um longo tempo -no depoimento, argumentou que mentiu
para preservar a candidata à reeleição em São Paulo Marta Suplicy, que sofreria desgaste político caso a transação viesse a público naquele momento.
Outro fator que pesa contra ele é
o fato de admitir que indicações
feitas pelo PTB para estatais tinham a missão de arrecadar doações para o partido e que Lídio
Duarte, ex-presidente do IRB
(Instituto de Resseguros do Brasil), falhara nessa missão.
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