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ANÁLISE
Lula critica 'esquerda' do partido e vê 'ódio' entre correligionários
Dirceu acha que só acaso
livra PT de derrota em 98
CARLOS EDUARDO ALVES
da Reportagem Local
A direção do PT já assume que a
eleição presidencial de 98 servirá
apenas de palanque para o partido
fazer pregação. "Nada indica nossa vitória em 98", disse anteontem
à noite José Dirceu, presidente nacional da legenda.
A avaliação de Dirceu foi feita
durante ato oficial de lançamento
da candidatura de Antonio Palocci
à presidência do diretório paulista
do partido.
Dirceu, ressalvando que o inesperado pode alterar a análise,
comparou a expectativa de êxito
em 98 ao desempenho de Luiz Inácio Lula da Silva nas disputas presidenciais anteriores. "A situação
não é igual a 89 e 94", afirmou no
auditório do Sindicato dos Bancários de São Paulo, lotado por
apoiadores de Palocci.
"Nós precisamos pensar em 8,
12 anos", declarou Dirceu sobre o
projeto petista. Na argumentação
sobre o futuro do PT, o presidente
do partido insistiu na necessidade
de mudanças na estrutura interna.
Propôs, até, que a escolha dos dirigentes passe a se dar por eleições
diretas e não por convenções, como ocorre hoje.
A partir do final do mês, Dirceu
assumirá oficialmente a candidatura à reeleição. Vai concorrer representando as alas de "centro" e
"direita" da agremiação, contra o
deputado federal Milton Temer
(RJ), da "esquerda" petista.
Dirceu aproveitou o auditório
lotado de simpatizantes para, sem
citar nomes, criticar seus adversários internos.
"Estamos assistindo ao rebaixamento da discussão", disse, referindo-se aos argumentos utilizados pelos seguidores de Temer para bater na atual cúpula.
Entre as críticas rebatidas por
Dirceu estão as que apontam a direção como "eleitoreira" e a política da Central Única dos Trabalhadores (CUT) como de "conciliação" com o governo tucano.
A prioridade de Dirceu, se chegar a um segundo mandato, será a
tentativa de costurar alianças mais
amplas que as tradicionais para as
eleições de 98. "Nós não conseguiríamos governar sozinhos", acha.
Lula
Lula também atirou na "esquerda" do partido. "Alguns teimam
em transformar o PT num partido
de quadros, de vanguarda, e não
de massas", declarou Lula, depois
de manifestar apoio a Dirceu.
Lula lamentou que os resultados
das disputas petistas sejam previsíveis antes da votação, pelo alinhamento automático dos delegados
com as tendências. Disse que preferia que a adesão se desse pela força dos argumentos.
O líder apontou, ainda, um perigo na ferocidade da batalha entre
os grupos do partido. "Não acredito que a gente chegue até uma
nova sociedade enquanto existir
tanto ódio entre nós", disse.
A loquacidade inédita de Lula,
na hora de apontar seus candidatos favoritos, não é fortuita.
Lula está convencido de que só
ampliando alianças o PT terá condições de enfrentar, sem passar
por vexames, a coalizão que apóia
Fernando Henrique Cardoso.
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