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São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2003

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QUESTÃO INDÍGENA

Ministro da Justiça alega incompatibilidade

Presidente da Funai deixa o cargo após dois meses de negociações

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Eduardo Aguiar de Almeida, foi exonerado ontem do cargo após quase dois meses de negociação para que permanecesse à frente da política indigenista do governo federal. É a primeira demissão de um cargo de segundo escalão no governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Na Funai, Almeida estava subordinado ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que já havia lhe pedido para entregar o cargo há cerca de duas semanas. Ontem, foi publicada a exoneração no "Diário Oficial" da União. Bastos justificou a saída pela falta de compatibilidade entre os dois.
Indicado pela esquerda do PT para o cargo, Almeida discorda das justificativas oficiais e diz que houve "um golpe" contra ele.
"Alegaram problema de estilo, o que é muito suspeito em um regime democrático e não me convence. Não foi gratuito, existem grandes interesses de mineradoras, garimpeiros e produtores de soja, são minha suspeita. Foi um golpe", disse Almeida em carta enviada a Bastos na segunda.
A lentidão da reforma agrária do governo Lula tem provocado um aumento nas invasões de áreas indígenas, seja por sem-terra, seja por ruralistas que reivindicam a posse da terra. Segundo Eden Magalhães, secretário-executivo do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), a queda de Almeida era "previsível".
A assessoria de imprensa do ministro informou que ainda não há nome escolhido para a função. Assumirá o cargo interinamente o diretor de Assuntos Fundiários da Funai, Antonio Pereira Neto.


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