|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
QUESTÃO INDÍGENA
Ministro da Justiça alega incompatibilidade
Presidente da Funai deixa o cargo após dois meses de negociações
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Eduardo
Aguiar de Almeida, foi exonerado
ontem do cargo após quase dois
meses de negociação para que
permanecesse à frente da política
indigenista do governo federal. É
a primeira demissão de um cargo
de segundo escalão no governo
Luiz Inácio Lula da Silva.
Na Funai, Almeida estava subordinado ao ministro da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos, que já havia lhe pedido para entregar o cargo há cerca de duas semanas. Ontem, foi publicada a exoneração
no "Diário Oficial" da União. Bastos justificou a saída pela falta de
compatibilidade entre os dois.
Indicado pela esquerda do PT
para o cargo, Almeida discorda
das justificativas oficiais e diz que
houve "um golpe" contra ele.
"Alegaram problema de estilo, o
que é muito suspeito em um regime democrático e não me convence. Não foi gratuito, existem
grandes interesses de mineradoras, garimpeiros e produtores de
soja, são minha suspeita. Foi um
golpe", disse Almeida em carta
enviada a Bastos na segunda.
A lentidão da reforma agrária
do governo Lula tem provocado
um aumento nas invasões de
áreas indígenas, seja por sem-terra, seja por ruralistas que reivindicam a posse da terra. Segundo
Eden Magalhães, secretário-executivo do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), a queda de Almeida era "previsível".
A assessoria de imprensa do ministro informou que ainda não há
nome escolhido para a função.
Assumirá o cargo interinamente
o diretor de Assuntos Fundiários
da Funai, Antonio Pereira Neto.
Texto Anterior: Retórica da crise: Economistas fazem ressalvas à opinião de que "o pior já passou" Próximo Texto: Caso CC5: Promotor vê relação entre obras superfaturadas e contas nos EUA Índice
|