São Paulo, Segunda-feira, 16 de Agosto de 1999
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PROTESTO
Cerca de 1.500 veículos tentam estacionar na Esplanada; governador tucano de Goiás e UDR apóiam
Caminhonaço entra hoje em Brasília

ABNOR GONDIM
enviado especial a Goiânia

Cerca de 1.500 caminhões de produtores rurais vão tentar entrar na Esplanada dos Ministérios hoje à noite, e iniciar um protesto que visa pressionar o governo federal principalmente a renegociar as dívidas do setor.
O caminhonaço quer reunir 15 mil pessoas, que ficarão acampados nesta semana em Brasília. Ontem, recebeu apoio de um governador do partido do presidente Fernando Henrique Cardoso, Marconi Perillo (PSDB-GO).
Anteontem, foi a vez da UDR (União Democrática Ruralista), que elevou o tom de uma das reivindicações dos protesto, o respeito à propriedade, ao criticar invasões de sem-terra.
Além de dívidas rurais e invasões, os ruralistas têm em sua agenda o debate sobre a falta de renda dos produtores do setor.
A partir de amanhã, eles pretendem pressionar os parlamentares no Congresso Nacional para tentar aprovar a tramitação em regime de urgência de projeto de autoria do deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO).
O texto do projeto estabelece o perdão de até 40% nas dívidas, a ampliação do prazo de pagamento em 20 anos e juros de 3% ao ano, abaixo dos de mercado.
"Fomos sufocados desde em 1986 pelos sucessivos pacotes econômicos do governo", disse o vice-presidente da Federação da Agricultura no Estado do Goiás, José Mario Schreiner.
Segundo o Banco do Brasil, responsável por 80% do crédito agrícola fornecido por instituições financeiras, as reivindicações dos ruralistas não levam em conta o fato de que eles vêm dando calotes na renegociação passada.
A dívida total do setor soma hoje cerca de R$ 23 bilhões.
O caminhonaço dos agricultores da região Centro-Oeste, que se concentraram em Goiânia ontem, ganhou o apoio explícito do governador tucano do Estado, Marconi Perillo.
Em um comício, à noite, no autódromo internacional Ayrton Senna, de Goiânia, Perillo disse que estava aderindo por três motivos: porque as reivindicações "são legítimas", porque "não se trata de um confronto" e porque Goiás "é um Estado agrícola".
Temendo que o apoio a uma reivindicação que desgasta o governo federal possa não ser entendida, Perillo aproveitou para fazer uma advertência. "Espero não ser incompreendido, não ser retaliado. Se algum engraçadinho de Brasília retaliar o governador de Goiás, eu espero o apoio de vocês (agricultores)", disse.
Perillo facilitou, com uma medida legal, o trânsito do "caminhonaço" -portaria suspendeu temporariamente a verificação das notas fiscais das máquinas agrícolas nos caminhões.


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