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PROTESTO
Cerca de 1.500 veículos tentam estacionar na Esplanada; governador tucano de Goiás e UDR apóiam
Caminhonaço entra hoje em Brasília
ABNOR GONDIM
enviado especial a Goiânia
Cerca de 1.500 caminhões de
produtores rurais vão tentar entrar na Esplanada dos Ministérios
hoje à noite, e iniciar um protesto
que visa pressionar o governo federal principalmente a renegociar
as dívidas do setor.
O caminhonaço quer reunir 15
mil pessoas, que ficarão acampados nesta semana em Brasília.
Ontem, recebeu apoio de um governador do partido do presidente Fernando Henrique Cardoso,
Marconi Perillo (PSDB-GO).
Anteontem, foi a vez da UDR
(União Democrática Ruralista),
que elevou o tom de uma das reivindicações dos protesto, o respeito à propriedade, ao criticar invasões de sem-terra.
Além de dívidas rurais e invasões, os ruralistas têm em sua
agenda o debate sobre a falta de
renda dos produtores do setor.
A partir de amanhã, eles pretendem pressionar os parlamentares
no Congresso Nacional para tentar aprovar a tramitação em regime de urgência de projeto de autoria do deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO).
O texto do projeto estabelece o
perdão de até 40% nas dívidas, a
ampliação do prazo de pagamento em 20 anos e juros de 3% ao
ano, abaixo dos de mercado.
"Fomos sufocados desde em
1986 pelos sucessivos pacotes econômicos do governo", disse o vice-presidente da Federação da
Agricultura no Estado do Goiás,
José Mario Schreiner.
Segundo o Banco do Brasil, responsável por 80% do crédito agrícola fornecido por instituições financeiras, as reivindicações dos
ruralistas não levam em conta o
fato de que eles vêm dando calotes na renegociação passada.
A dívida total do setor soma hoje cerca de R$ 23 bilhões.
O caminhonaço dos agricultores da região Centro-Oeste, que se
concentraram em Goiânia ontem,
ganhou o apoio explícito do governador tucano do Estado, Marconi Perillo.
Em um comício, à noite, no autódromo internacional Ayrton
Senna, de Goiânia, Perillo disse
que estava aderindo por três motivos: porque as reivindicações
"são legítimas", porque "não se
trata de um confronto" e porque
Goiás "é um Estado agrícola".
Temendo que o apoio a uma
reivindicação que desgasta o governo federal possa não ser entendida, Perillo aproveitou para fazer
uma advertência. "Espero não ser
incompreendido, não ser retaliado. Se algum engraçadinho de
Brasília retaliar o governador de
Goiás, eu espero o apoio de vocês
(agricultores)", disse.
Perillo facilitou, com uma medida legal, o trânsito do "caminhonaço" -portaria suspendeu
temporariamente a verificação
das notas fiscais das máquinas
agrícolas nos caminhões.
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