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Em SP, UDR eleva
tom contra o MST
ROBERTO COSSO
enviado especial a Presidente Prudente
O caminhonaço dos agricultores da região Sul, que deve chegar
a Brasília hoje à noite, entrou no
Estado de São Paulo no último sábado. O ingresso da UDR (União
Democrática Ruralista) no movimento fez os discursos do protesto se voltarem contra os sem-terra de forma acentuada.
O movimento dos produtores
rurais pede solução para três problemas: a falta de renda do setor,
o desrespeito ao direito de propriedade e o endividamento agrícola.
Para os agricultores do Rio
Grande do Sul, o endividamento
é o maior problema.
Já os de Santa Catarina dão
mais ênfase para a necessidade de
implementação de uma política
de geração de renda para a agricultura. Segundo eles, essa política resolveria o problema dos proprietários de terra com o MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra).
Mas em São Paulo a principal
bandeira levantada foi a da defesa
da propriedade privada. Em Presidente Prudente (SP), os membros da UDR traziam faixas contra o MST.
Enquanto os agricultores gaúchos dizem que não são contra a
reforma agrária e os catarinenses
defendem a necessidade da distribuição da terra, os paulistas pedem a rediscussão dos assentamentos feitos no Pontal do Paranapanema (extremo oeste do Estado).
Nabhan Garcia, diretor da UDR
e coordenador do caminhonaço
em Presidente Prudente, afirma
que o objetivo do movimento é
obter "garantia de que as terras
não vão ser invadidas". Segundo
ele, têm sido frequentes as invasões de fazendas no Pontal.
De acordo com o MST, contudo, há apenas dois acampamentos na região: o Padre Josino, em
Presidente Bernardes (SP), com
200 famílias, e o de Fusquinho,
em Teodoro Sampaio (SP), com
100 famílias. Além disso, o MST
argumenta que as terras invadidas no Pontal eram devolutas (do
Estado).
"Terceirização"
Mais uma vez, a maioria dos caminhões que engrossou o caminhonaço em Presidente Prudente
não era dirigida por produtores
rurais. O fazendeiro Newton Teixeira, diretor da UDR, disse no sábado que os agricultores estavam
mandando seus caminhões, mas
que as lideranças iriam depois para Brasília, de ônibus.
Um grande proprietário da região, que também é dono de uma
transportadora de combustíveis,
colocou três caminhões-tanque
para engrossar o "caminhonaço".
Em um dos caminhões estava
pregada uma faixa com os seguintes dizeres: "Primeiro invadem
minha terra, depois invadirão sua
casa".
Os agricultores saíram de Presidente Prudente com 350 caminhões. Hoje eles vão de Uberlândia (MG) até Brasília e pretendem
chegar à capital federal com mais
de 800 caminhões, em virtude de
novas adesões de agricultores do
Mato Grosso do Sul e de Minas.
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