São Paulo, Segunda-feira, 16 de Agosto de 1999
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Em SP, UDR eleva tom contra o MST

ROBERTO COSSO
enviado especial a Presidente Prudente

O caminhonaço dos agricultores da região Sul, que deve chegar a Brasília hoje à noite, entrou no Estado de São Paulo no último sábado. O ingresso da UDR (União Democrática Ruralista) no movimento fez os discursos do protesto se voltarem contra os sem-terra de forma acentuada.
O movimento dos produtores rurais pede solução para três problemas: a falta de renda do setor, o desrespeito ao direito de propriedade e o endividamento agrícola.
Para os agricultores do Rio Grande do Sul, o endividamento é o maior problema.
Já os de Santa Catarina dão mais ênfase para a necessidade de implementação de uma política de geração de renda para a agricultura. Segundo eles, essa política resolveria o problema dos proprietários de terra com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Mas em São Paulo a principal bandeira levantada foi a da defesa da propriedade privada. Em Presidente Prudente (SP), os membros da UDR traziam faixas contra o MST.
Enquanto os agricultores gaúchos dizem que não são contra a reforma agrária e os catarinenses defendem a necessidade da distribuição da terra, os paulistas pedem a rediscussão dos assentamentos feitos no Pontal do Paranapanema (extremo oeste do Estado).
Nabhan Garcia, diretor da UDR e coordenador do caminhonaço em Presidente Prudente, afirma que o objetivo do movimento é obter "garantia de que as terras não vão ser invadidas". Segundo ele, têm sido frequentes as invasões de fazendas no Pontal.
De acordo com o MST, contudo, há apenas dois acampamentos na região: o Padre Josino, em Presidente Bernardes (SP), com 200 famílias, e o de Fusquinho, em Teodoro Sampaio (SP), com 100 famílias. Além disso, o MST argumenta que as terras invadidas no Pontal eram devolutas (do Estado).

"Terceirização"
Mais uma vez, a maioria dos caminhões que engrossou o caminhonaço em Presidente Prudente não era dirigida por produtores rurais. O fazendeiro Newton Teixeira, diretor da UDR, disse no sábado que os agricultores estavam mandando seus caminhões, mas que as lideranças iriam depois para Brasília, de ônibus.
Um grande proprietário da região, que também é dono de uma transportadora de combustíveis, colocou três caminhões-tanque para engrossar o "caminhonaço".
Em um dos caminhões estava pregada uma faixa com os seguintes dizeres: "Primeiro invadem minha terra, depois invadirão sua casa".
Os agricultores saíram de Presidente Prudente com 350 caminhões. Hoje eles vão de Uberlândia (MG) até Brasília e pretendem chegar à capital federal com mais de 800 caminhões, em virtude de novas adesões de agricultores do Mato Grosso do Sul e de Minas.



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