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CAMPO MINADO
Em Buritis, sem-terra quebraram as portas e ficaram quase 11 horas nas instituições para exigir crédito
MST invade e fecha duas agências bancárias
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra) invadiram ontem as duas
agências bancárias de Buritis
(MG), uma do Banco do Brasil e
outra do Bradesco, impedindo
que elas funcionassem.
As invasões duraram quase 11
horas. Os sem-terra só saíram das
agências no final da tarde, deixando as portas de vidro quebradas.
As invasões ocorreram às 6h30 e
mobilizaram cerca de 300 sem-terra, que destruíram as portas
para entrar nos dois estabelecimentos. A Polícia Militar registrou no boletim de ocorrência o
desaparecimento de dois uniformes dos vigilantes e a destruição
de três câmeras internas de vídeo.
A PM também disse que as fitas
que provavelmente registraram a
entrada dos sem-terra foram retiradas pelo MST. O Banco do Brasil confirmou a retirada das fitas,
mas disse que as câmeras foram
apenas desligadas.
As invasões das agências são
parte da mobilização do MST no
noroeste mineiro, que voltou a
agir na semana passada para pressionar o governo a atender aos
seus reclamos. "Há três anos estamos reivindicando e não temos
nenhuma resposta do governo.
Vamos continuar mobilizados",
disse Álvaro Alves Alcântara, um
dos líderes do MST na região.
O movimento reclama crédito
para a safra 2003-2004, a desapropriação de áreas na região para o
assentamento de 1.100 famílias
acampadas e infra-estrutura nos
assentamentos (escola, água e luz)
para 1.200 famílias.
Representantes do Incra e da
Ouvidoria Agrária Nacional estiveram na semana passada em Buritis tentando um acordo com o
MST, que ameaçava invadir duas
fazendas. Não houve acordo.
Na quinta, as cerca de 500 pessoas saíram da área e afirmaram
que iriam para o centro de Buritis.
Despistaram a PM e invadiram a
fazenda Palmeiras, pertencente a
Ubiratan de Almeida Santos, que
já pediu reintegração de posse.
Após nova tentativa de acordo
com o Incra, sem sucesso, um
grupo permaneceu na fazenda,
enquanto outro se deslocou para
o centro de Buritis para invadir as
agências bancárias.
"As nossas ações são para chamar a atenção do governo. Não
queremos prejudicar a população", disse Alcântara, justificando
a saída das agências. Mas ele afirmou que "outras manifestações"
vão acontecer. Não disse o que o
MST pretende fazer na região de
Buritis, onde está a fazenda da família do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, que já foi alvo
dos mesmos sem-terra.
O Banco do Brasil e o Bradesco,
de acordo com suas respectivas
assessorias, estavam preparando
os pedidos de reintegração de
posse quando foram informados
da saída dos sem-terra.
A assessoria de imprensa do
Bradesco informou que, com a
saída, a questão estava resolvida.
O BB informou que apenas à noite os funcionários do banco estavam fazendo uma inspeção na
agência e, portanto, não podia informar se haverá alguma medida
judicial contra o MST. As duas
agências voltam a funcionar hoje.
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