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São Paulo, terça-feira, 16 de setembro de 2003

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Polícia identifica 5 suspeitos de matar 8 pessoas em fazenda no PA

MAURÍCIO SIMIONATO
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

A Polícia Civil do Pará afirmou ontem ter identificado cinco suspeitos pelos assassinatos de sete trabalhadores rurais e do fazendeiro Antonio Vieira da Silva.
Os trabalhadores mortos são Antônio da Conceição, Justino Pereira da Silva, e outros cinco homens conhecidos por Pedro Formiga, Eliseu, Maurício, Penteado e Baixinho Moreno.
Eles foram mortos com tiros na cabeça em uma emboscada no meio da mata na Fazenda Primavera, a 180 km de São Félix do Xingu (PA). O crime ocorreu sexta-feira à tarde, mas só no sábado a Polícia Militar conseguiu chegar ao local, de difícil acesso.
Os corpos foram resgatados e seriam levados ontem à noite, em uma avião da FAB (Força Aérea Brasileira), para identificação no Instituto Médico Legal de Belém.
Três dos acusados, conhecidos como Sansão, Bedé e Fininho, já tiveram os retratos falados feitos pela polícia com base no depoimento de uma testemunha. Os outros dois identificados não tiveram nomes ou apelidos revelados.
Segundo a polícia, uma testemunha avistou os crimes escondida na mata, e um outro trabalhador rural do grupo escapou da morte porque teria saído para buscar sementes.
Cerca de 300 policiais que cumpriam reintegrações de posse na região foram deslocados para encontrar os assassinos. Os trabalhadores mortos derrubavam a mata para fazer pastagens.
Segundo o delegado-geral da Polícia Civil do Pará, Luís Fernandes da Rocha, "tudo indica" que a causa foi disputa por terras.
Entre os mortos está Antonio Vieira da Silva, que havia comprado a área de 600 alqueires (1.632 ha), supostamente grilada, há cerca de dois meses. Parte da área comprada ficaria dentro da Fazenda Primavera (10 mil alqueires), que pertenceria a Tadeu Bittar. Ele não foi localizado ontem.
"Um grupo de seguranças armados já havia alertado para que deixassem a área. Senão, morreriam", disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Félix, Luís Pereira de Carvalho. Segundo a PM, os assassinos estariam escondidos na mata.
O coordenador da CPT (Comissão Pastoral da Terra) na região de São Félix do Xingu, frade João Raguenes, culpou o Estado pelas mortes: "Alguns policiais andam com pistoleiros. O que vale aqui é a lei do revólver e do dinheiro".
Segundo a CPT, 30 trabalhadores rurais foram mortos neste ano no Pará por causa da disputa de terras griladas.


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