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REGIME MILITAR
Há 30 anos, jornalista foi torturado até a
morte; parte da documentação sobre o caso continua inacessível
Vlado é lembrado
com homenagens
DA REPORTAGEM LOCAL
O assassinato do jornalista Vladimir Herzog, preso pelas forças
de repressão da ditadura em São
Paulo e submetido a torturas até a
morte, completa 30 anos no próximo dia 25 de outubro. A data
-um ponto de inflexão que marca o início da derrocada do regime militar- será lembrada com
homenagens, ciclos e lançamentos, mas parte importante da documentação da época continua
inacessível, já que arquivos do regime militar continuam fechados.
Diretor da TV Cultura, Herzog
foi acusado de "subversão" por
militar no PCB (Partido Comunista Brasileiro). Preso em 24 de
outubro de 1975, no dia seguinte
seria morto no DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de
Defesa Interna) em São Paulo.
Se o caso há 30 anos mobilizou a
sociedade civil e lideranças religiosas contra a versão oficial da
morte -suicídio-, a publicação,
em 2004, de fotos que seriam de
Herzog preso reacendeu o debate
sobre a abertura dos arquivos do
extinto SNI (Serviço Nacional de
Informações). As imagens, depois
se esclareceu, eram de um padre.
De lá para cá, o governo Lula reformou a medida provisória de
Fernando Henrique Cardoso sobre o sigilo dos papéis -com
possibilidade de manter segredo
eterno. Montou uma comissão
interministerial para tratar da
abertura, mas que pouco caminhou. A área de Direitos Humanos passou de secretaria com status de ministério à subsecretaria.
Para o jornalista Paulo Markun,
a efeméride serve como motivação para a volta da pressão pela
abertura dos arquivos. Preso com
Herzog em 1975, Markun, hoje
âncora do programa "Roda Viva", da TV Cultura, é autor de
"Meu Querido Vlado", que será
lançado em 9 de novembro.
O livro reproduz ata de uma
reunião conjunta de órgãos de repressão, em 10 de setembro de
1975, em que o senador Romeu
Tuma (PFL-SP), então delegado
do Deops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social),
classifica Vlado como "elemento
sabidamente comprometido".
Procurado na sexta-feira, o senador não foi localizado.
Homenagens
Sete dias depois da morte de
Herzog, 8.000 pessoas, entre elas o
rabino Henri Sobel e o cardeal d.
Paulo Evaristo Arns, participaram de ato na Catedral da Sé, no
primeiro grande protesto contra a
ditadura desde o AI-5 (Ato Institucional nº 5), de 1968. No próximo domingo, Sobel e Arns voltarão a se reunir na Sé.
O ato é parte da programação
organizada pelo Sindicato dos
Jornalistas de São Paulo, em que
será lançada a 6ª edição do livro
"Dossiê Herzog", do jornalista
Fernando Pacheco Jordão.
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