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Para Skidmore,
partidos do país
ainda são fracos
DA SUCURSAL DO RIO
Thomas Skidmore é diretor do Centro de Estudos Latino-americanos do Watson
Institute e professor na
Brown University, nos Estados Unidos. Ele escreveu o
primeiro artigo do livro: "A
queda de Collor: uma perspectiva histórica".
(MB)
Folha - Como foi a evolução
do Brasil de Collor para cá? O
Brasil melhorou?
Thomas Skidmore - Primeiro, a queda de Collor foi
muito saudável para o sistema político brasileiro porque foi pacífica, sem necessidade de golpe militar. Segundo, mostrou a necessidade de mais colaboração entre o Executivo e o Congresso. No momento, a incapacidade de colaboração entre a
Presidência e o Congresso
continua a ser um problema
muito grave no Brasil.
A terceira lição é o perigo
de não se ter partidos fortes.
Esse perigo existe ainda no
Brasil. Estamos às vésperas
de mais uma eleição para a
Presidência e os partidos estão mais fracos do que nunca, inclusive o PSDB. O Brasil amadureceu na democracia, mas o funcionamento
do sistema partidário está
mais ou menos a mesma coisa. Collor tentou governar
com medidas provisórias.
Isso deu certo durante um
ano, até que houve um julgamento da Corte Suprema
contra ele e ele ficou paralisado, porque nunca tinha
negociado com o Congresso.
FHC também está utilizando
muito as medidas provisórias -é o campeão, de longe. Medidas provisórias indicam que não há capacidade de negociação entre o
presidente e o Congresso.
Folha - E como resolver esses problemas?
Skidmore - Primeiro, fazer
uma nova legislação eleitoral
para liquidar a fragmentação dos partidos. Uma reforma que exija o mínimo de
votos para o registro dos
partidos e para eleger uma
parte dos deputados pelos
distritos. Criar um sistema
partidário mais viável, e não
essa coisa que o deputado
pode mudar de hoje para
amanhã de partido. O difícil
é que quem tem de fazer as
reformas é o Congresso e os
políticos estão grudados em
seus privilégios. Este é o impasse estrutural do sistema.
Folha - E a corrupção?
Skidmore - Isto é uma
doença dos governos em geral, inclusive dos autoritários. A única diferença é que
nos governos democráticos
você sabe das corrupções e
nos governos militares você
não sabe, porque tem censura. Eu acho que isso vai melhorar porque hoje tem mais
publicidade sobre os casos
mais graves. Mas sempre
existe um tipo ou outro de
corrupção.
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